sábado, 23 de junho de 2012

Anjos da Morte [4/4]


Lá de cima veio um chamado assustado.
— Miley? É você?
— Pai! — eu disse, correndo em sua direção enquan­to ele saía do quarto. Ele me abraçou com alegria e deu um sorriso para Nicholas.
— Você deve ser o rapaz que trouxe a minha filha para casa ontem à noite. Zac, não é?
"O quê?", eu pensei chocada. O meu pai já havia conhecido o Nicholas. Como é que ele foi da raiva à doçura de forma tão rápida? E o acidente? O hospital? E quanto a minha morte?
— Não, senhor. Eu sou o Nicholas. Um dos amigos da Miley. Eu também estava com ela ontem à noite depois que o Taylor foi embora. Apareci hoje só para ver se ela, hmm, quer fazer alguma coisa.
Meu pai parecia estar orgulhoso por eu ter feito um amigo sem a ajuda dele, mas eu estava completamente confusa. Tossindo levemente, como se estivesse ten­tando achar a melhor forma de lidar com o primei­ro namorado que ele conhecia, ele apertou a mão que Nicholas havia estendido.
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— Então a história oficial é que Zac me trouxe para casa e eu assisti TV até dormir? — perguntei, querendo saber exatamente com o que eu teria que lidar. — O acidente não existiu? — Ao ver Nicholas concordando com a cabeça, continuei: — Quem vai lembrar sobre ontem? Alguém?
— Nenhuma pessoa viva vai conseguir lembrar — ele disse. — Ron muda a continuidade do tempo. Ele deve gostar muito de você para ter feito isso. — Seu olhar se voltou para a pedra no meu peito. — Ou ele simples­mente gosta muito da sua pedrinha nova.
O jantar foi acompanhado por uma longa conversa sobre a co­mida. Depois de ficar brincando com o meu prato por uns vinte minutos, eu pedi licença, dizendo que estava cansada por causa da festa de formatura.
Ali estava eu sentada no telhado às duas da madrugada, tacando pedras, fingindo estar com sono enquanto o mundo girava, escuro e frio.
A sensação de estar sendo vigiada apareceu com força, e me virei, aflita, quando Nicholas caiu de uma árvore atrás de mim.
— Ei! — berrei, sentindo o meu coração pulando ao vê-lo aterrissando em uma telha como se fosse um gato, — Que tal me avisar quando você estiver por perto?
Ele estava envolvido por uma luz fra­ca, que era tão visível quanto a sua irritação.
— Se eu fosse um agente da morte eu já teria matado você.
— Bem, eu já estou morta, não estou? — falei, jogan­do uma pedra nele. Ele nem se moveu, e a pedra passou por cima de um de seus ombros. — O que você quer? — perguntei, sem delongas.
— Zac falou alguma coisa para você no carro. Foi o único momento no qual você ficou fora da minha mira. Quero saber o que foi. Um detalhe pode servir para que você consiga continuar fingindo que está viva, ou pode levar você ao júri negro. — Ele se moveu de forma de­cisiva, com raiva. — Eu não vou falhar novamente, não por sua causa. Você já era importante para o Zac antes de pegar a pedra dele. Foi por isso que ele foi pegar o seu corpo no necrotério. Quero saber o porquê.
—Ele disse que acabar com a minha vidinha era uma passagem para um lugar melhor. Ele voltou para provar que ele havia... me coletado.
Eu esperei por uma reação, mas não houve nenhuma. Finalmente, não aguentei o silêncio e levantei o rosto a fim de olhar dentro dos olhos de Nicholas. Ele estava olhando para mim como se estivesse tentando decifrar a mensagem. Claramente, sem ter encontrado uma res­posta, ele disse, com calma:
— Acho que você deveria manter isso em segredo por enquanto. Ele provavelmente não quis dizer nada com isso. Esqueça. Gaste o seu tempo tentando se adaptar.
— É — respondi com uma ponta de risada sarcásti­ca —, uma escola nova é sempre divertida.
— Eu quis dizer se adaptar aos vivos.
—Ah. — Tudo bem. Eu ia ter que aprender a me adaptar, não a uma escola nova, mas aos vivos. Legal. Ao recor­dar o jantar desastroso que eu tive com o meu pai, eu mordi o lábio.
— Hmm, Nicholas... é para eu comer?
— Se você for como eu, você não vai ter fome nunca.
— E dormir? - Ele riu.
— Você pode tentar. Vamos — ele disse, estendendo a mão. — Eu não tenho nada para fazer hoje à noite, e estou entediado. Você não é de berrar muito, é?
Meu primeiro pensamento foi "berrar?", e depois "vamos aonde?" No entanto, falei algo bem idiota em vez disso:
— Não posso. Estou de castigo. Não posso pisar fora de casa até que eu pague por aquele vestido, a não ser para ir à escola, — Mesmo assim, sorri e dei a minha mão para que ele me ajudasse a levantar.
— Bem, eu não posso mudar o fato de você estar de castigo — ele disse —, mas não precisa sair de casa para irmos aonde estamos indo.
— O quê? — perguntei. Fiquei surpresa ao vê-lo indo para trás de mim. Ele ficou muito mais alto por causa da inclinação do telhado. — Ei! — exclamei quando ele me abraçou. No entanto, o meu protesto sumiu em meio ao choque de ver uma sombra cinza se curvando em volta de nós de repente. Ela era real, e tinha o cheiro do travesseiro de penas da minha mãe. Eu engasguei quando ele me apertou mais forte e meus pés saíram do telhado em uma ascensão contra a gravidade.
— Caramba! — exclamei enquanto o mundo se es­ticava lá embaixo, prateado e preto sob a luz do luar. — Você tem asas?
Nicholas gargalhou. O meu estômago se revirou todo, e nós fomos mais para cima.
Talvez... talvez isso tudo não fosse ser tão ruim assim.
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Notas Finais: Esclarecendo mais uma vez para não haver confusões: ESSA HISTÓRIA NÃO É MINHA. Todo o crédito vai para Kim Harrinson que a escreveu para o livro Formaturas Infernais, ao qual recomendo a leitura, pois é um livro muito bom. Só avisando que troquei o nome dos personagens [anta, todos perceberam -.-']. Acho que era isso, então se gostaram comentem ;D
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PS: Hoje não terá DTM e talvez sábado que vem também não. Vou aproveitar que estou entrando de férias para escrever os capítulos. Se puderem fazer um favor ficarei muito grata: à quem tem blog, por favor divulguem se gostam da história e, claro, comentem ai, seus dedos não vão cair [mas se caírem não foi culpa minha] Beijos e até uma próxima. 

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