domingo, 25 de agosto de 2013

Doce Sacrifício - Capítulo 17 [Are you ready to move on]

It's been too long...
Musica tema: You can never go back [Jon McLaughlin]

- Eu não acredito que vocês usaram a minha sala pra fazer algo tão obsceno!
A Senhorita Fray exclama indignada para os dois adolescentes a sua frente, sentados do outro lado de sua mesa.
- O que? Não! – David é o primeiro a se pronunciar, ele já sabia que chegariam a essa conclusão, logo já estava pronto para fazer suas negações. – Nós não fizemos nada!
- Querem mesmo que eu acredite que vocês foram para a parte mais afastada da escola só pra dar um beijo?
- Mas é verdade! Eu ainda... eu nunca... – Rachel olha de soslaio para o garoto ao seu lado e deixa a frase morrer ali. Mais um pouco e ela deixava aquilo escapar. A Srta. Fray continuava a encará-la, esperando que ela continuasse, e então a garota o faz: – Eu nunca faria uma coisa dessas! Eu te respeito, você sabe! Acha mesmo que eu faria algo assim na sua sala ou em qualquer outro lugar do colégio? Acha mesmo que eu sou esse tipo de garota?
David a olha um tanto surpreso, ele não imaginava que ela iria ficar tão nervosa com essa situação, mas ali estava ela, fitando sua professora de filosofia com um semblante sério como se dissesse: duvide de mim que eu grampeio a sua língua.
A Srta. Fray encara sua aluna por um instante. Ela conhecia Rachel Martim muito bem e realmente duvidava que ela fosse fazer algo desse gênero. A professora decide confiar nos dois, mas ainda tinha mais uma coisa a tratar:
- Certo. Mas continuando, vocês ficaram juntos a noite todo? Não sabem mesmo nada sobre o incêndio?
- Nós não sabemos nada sobre isso, professora, nós juramos – David afirma, embora a lembrança do que Alison lhe contara ainda rondasse a sua mente. Mas aquilo não podia estar ligado ao incêndio, afinal Alison apagara o fogo em volta da boneca bizarra. Ela não podia ser a culpada, e David não devia pensar nisso agora, sua professora poderia perceber que o que ele falara não era totalmente verdade.
- Tudo bem, eu vou acreditar em vocês. Não me façam me arrepender disso. Estão dispensados.
Sem delongas, os dois levantam de suas cadeiras e deixam a sala. Rachel espera o garoto fechar a porta para lhe perguntar:
- Ela vai me odiar agora, não vai?
- A Srta. Fray é uma professora legal, não se preocupe com ela – David lhe dá um meio sorriso e começa a andar pelo corredor, sem muita esperança de que a garota o seguisse.
- David! – ela o chama, para sua surpresa, e ele volta-se a ela. Rachel solta um leve suspiro antes de lhe perguntar em uma voz baixa: – Não passou daquele beijo, não é?
- Não se preocupe com isso também, nada aconteceu – ele então esboça um sorriso brincalhão. – embora você parecesse bem empenhada em tentar.
- Pro inferno que eu iria querer fazer alguma coisa com você!
Agora foi a vez dele de soltar um suspiro, mas um pouco mais desapontado do que o da outra.
- Vamos mesmo voltar pra esse tipo de relacionamento?
- É o único que funciona. – Rachel lhe dá as costas, caminhado pela direção contraria a que o garoto havia começado anteriormente.

~"~
Esse era de longe o melhor dia para odiar o próprio emprego. Doug não aguentava mais fazer as mesmas perguntas e ter de ouvir as inúmeras respostas de defesa de seus alunos. Graças aos Céus alguns professores estavam o ajudando, porque se dependesse da diretora Hastings, o pobre Doug sofreria sozinho.
Agora ele encontrava-se sentado em sua cadeira de couro, a mão direita segurando uma de suas incontáveis canetas e a mão esquerda apertando uma pequena bola anti-stress. A sua frente, uma garota loira o fitava com um olhar divertido, típico de um adolescente encrenqueiro, um sorriso tentando ser contido enquanto esperava as palavras finais do vice-diretor. Cassandra Prescott inclina-se em sua cadeira, dobrando os braços sobre a mesa e arqueia uma sobrancelha, num ato autoritário diante a pergunta do homem.
- Qual é Doug, você acha mesmo que eu faria uma coisa dessas?
- Você realmente quer que eu responda senhorita Prescott? Você já fez várias coisas erradas por aqui, principalmente brigas envolvendo suas colegas Alexandra e Madison.
- Mas eram sempre elas que começavam! Não se lembra do episódio da tinta? – Cassandra sentia um ódio enorme de Alexandra todas as vezes que se lembrava de quando ela jogara tinta vermelha em seu cabelo. – Além do mais, brigas são bem diferentes de incêndios. E por que eu iria querer fazer isso? Francamente!
- Certo Prescott, supondo que não tenha sido a senhorita, ainda assim não há nada que queira acrescentar? Você não viu nada estranho, nenhum movimento suspeito?
- Não. Estive somente no ginásio e no primeiro bloco de salas a noite toda, não cheguei nem perto do teatro e não sei de ninguém que o tenha feito. Posso ir agora?
- Pode Prescott, e não arrume confusão!
- Claro Doug, claro – Cassandra esboça um sorriso divertido, deixando claro que seu pedido era inútil. Se ela quisesse arrumar confusão, ela assim o faria. A garota deixa a sala do vice-diretor, deparando-se com a morena sentada no banco de madeira ao lado da porta. O olhar das duas se cruza por um segundo antes de Ashley o desviar. A garota parecia nervosa segurando a barra da saia azul de seu uniforme. Cassandra sorri discretamente por isso, Ashley com certeza se lembrava do que acontecera na noite de halloween e é claro que Cassie tiraria proveito disso.

~”~
Numa Starbucks qualquer, Jessica olhava distraidamente o movimento das ruas pela janela, sua amiga Alison sentada do outro lado da mesa.
- Droga, droga, droga! – Alison exclama, em dúvida entre xingar e amaldiçoar aquela pessoa de todas as formas cabíveis ou simplesmente entrar em pânico de uma vez.
- O que foi? – Jessica pergunta, preocupada e assustada pela amiga que estava quase surtando.
Alison volta o vídeo em seu celular e o mostra para Jessica, que agora entendia todo o seu nervosismo, pois ela mesma estava a ponto de ter um colapso.
- Isso não é bom! Isso não é nada bom!
No vídeo, Alison entrava sorrateiramente no teatro do colégio, estava escuro e seus movimentos foram capturados de longe, mas dava para ver perfeitamente que era a loirinha. Não é necessário dizer quem lhe mandara aquele vídeo, certo? –G voltou a infernizar a vida de Alison, como assim prometera.
- Deuses! O que eu faço agora?
- Se alguém ver isso, eles vão com certeza colocar a culpa em você.
- Merda! Mil vezes merda!
E dessa vez ela pegara pesado com Fitzgerald.

~”~
Vanessa guarda seu jaleco branco em seu armário na sala dos funcionários, despede-se dos colegas e deixa o hospital. Em determinado ponto do caminho, um jovem casal de namorados passa por ela. Vanessa olha para as suas mãos entrelaçadas e solta um suspiro. Ela não devia sentir falta disso, sendo que tinha um namorado, mas ela sentia. A morena pega seu celular de dentro de sua bolsa e o checa. Nenhuma mensagem, nenhuma ligação. Às vezes ela se perguntava se Raphael sequer lembrava-se de que tinha uma namorada e que seria legal se ele a procurasse de vez em quando.
Depois que ele deixou de ir ao hospital, após acabar suas horas de serviço comunitário, do qual ela não sabia o porquê de ele estar pagando, os dois ficaram ainda mais distantes. Vanessa até pensara em largar aquele emprego para passar mais tempo com Raphael, mas ela amava tanto aquelas crianças que não conseguiria deixá-las. Ela só pensara que ele ficaria lá também, mas assim que suas horas obrigatórias acabaram ele não hesitou em ir embora. E a garota ainda não sabia por que ele fora parar naquele hospital para inicio de conversa. Ela faz uma nota mental de lhe perguntar isso mais tarde.
Vanessa chega a sua casa e vai direto para o quarto, ignorando os protestos de seu estômago com fome. Ela liga seu computador e vê que o TheGossip fora atualizado, ela não era muito fã do site, mas sua curiosidade falou mais alto. Ela abre a galeria de fotos e quase cai de sua cadeira ao ver uma foto de sua irmã. Ela fora tirada na noite de Halloween, mais especificamente no ginásio do Roundview. Na imagem, Ashley estava no meio de jovens que dançavam alegremente, mas ela não os acompanhava. A garota vestida de Pocahontas estava ocupada demais beijando outra garota, uma loira numa fantasia de soldado.
- Mas que porra é essa? Ashley?!
- O que? – a garota que acabara de entrar no quarto questiona, indo até a irmã e deparando-se com o que a mesma olhava com tanto espanto. – Merda. Isso não é o que parece!
- Não?! E o que é então? Porque pra mim isso parece ser exatamente o que eu estou vendo aqui!

~”~
Desculpe, eu precisava de uma boa fofoca”
“Você é uma vadia, sabia?”
“Claro que sabia! Eu me esforço muito pra isso!”
“Eu não aparecer direito, foi de propósito?”
“Talvez. Afinal eu te devia uma pelo o que você disse à Madison”
“Eu ainda não sei o que aquilo teve de mais...”
“Não muito, mas pra ela é o suficiente”
~”~
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Esse também ficou menor que o usual e bem banal, mas no próximo acontecem coisas bem mais interessantes. Ah, estou pensando em colocar mais uma personagem, o que acham? Dica: é um garoto. Alguém aí tem algum palpite de quem seja?
Então, Cidade dos Ossos, alguém viu?

domingo, 18 de agosto de 2013

Doce Sacrifício - Capítulo 16 [Invading in on your secrets]

Música tema: Too Close for Comfort [McFLY]
Música alternativa: Kennedy Curse [The Maine]

As ruas estavam com seu típico movimento de sábado a tarde, o vendo soprava forte, convidando as pessoas a tirarem seus casacos do armário. Eram poucas as árvores que mantinham suas folhas nos galhos, a maioria as tinha no chão, secas e mortas.
Jeremy e Madison andavam lado a lado em silêncio, ela empenhava-se em olhar para qualquer lugar menos pra ele. Ainda estava incomodada com a cena que vira há pouco: Jeremy e Ashley sentados num banco, de mãos dadas, sorrindo um para o outro. O que diabos aquilo significava afinal? Madison expira cansada, ela estava com ciúmes da Ashley, era só o que lhe faltava!
Jeremy olha mais uma vez para a morena ao seu lado, ela parecia perdida em pensamentos, distante. Confesso que o garoto Marshall era meio lento, mas ele compreendeu bem rápido o que acontecera: Madison não gostou nada de vê-lo daquele jeito com Ashley. Talvez ele devesse se explicar. Ele já podia ver a cena em sua cabeça:
“Jeremy: Madi, não precisa ficar desse jeito, Ashley e eu só estávamos conversando.
Madison: E precisa segurar a mão dela e sorrir daquela forma pra somente conversarem?
Jeremy: Ela estava triste. Eu só estava tentando ser um amigo legal e reconfortá-la.
Madison: Sobre o quê?”
Silêncio. O que Jeremy responderia então? Ashley não pedira segredo, mas ele tinha certeza que ela o queria. Principalmente com Madison, com a qual ela não se dava muito bem.
- Você está bem? – Jeremy sabia que essa era uma pergunta bem idiota, afinal a resposta era totalmente óbvia. Então ele percebeu claramente o sarcasmo em sua voz quando ela o respondeu:
- Perfeita.
- Pois não parece.
Madison para de andar, ainda sem lhe dirigir o olhar. Jeremy fica à sua frente e segura uma de suas mãos.
- Madi...
Ela balança a cabeça negativamente.
- Deixa pra lá Jer.
- Você sabe que uma hora vamos ter que conversar, não sabe?
Por que algo dizia a Madison que isso não era sobre aquela garota?
Jeremy solta sua mão e a abraça.
- Você sabe que eu te amo, certo? – ele diz e deposita um beijo no topo de sua cabeça.
- Eu sei Jer, eu sei.

~”~
O local estava lotado, pessoas se amontoavam para conseguir chegar o mais perto possível do palco. Algumas garotas ao lado de Jessica choravam enquanto acompanhavam a letra da música. Ela não podia culpá-las. A própria estava se segurando para não juntar-se às garotas e também fazer uma cena. Do seu outro lado, Matthew olhava atentamente para a banda, sua mão segurando a dela, às vezes lhe dirigindo o olhar, como se para se certificar que a garota ainda estava ali com ele.
Jessica olha para os integrantes do The Maine também, agradecendo mentalmente por conseguir ver os quatro garotos a sua frente sem esforço, mas ela tinha que ficar na ponta dos pés para conseguir ver direito Pat e seu “bate cabelo” enquanto tocava a bateria. Decidindo que já aguentara tempo suficiente, ela finalmente junta-se ao coro, acompanhando a voz de John no último refrão:
"Wish someone would come and take my heart
Set it down in front of moving cars
I feel nothing at all
So won't someone just come and take my heart
And tear it apart"

No carro de Matthew, no caminho de volta para casa, Jessica comentava empolgada sobre o show, como ele estava incrível (e os caras da banda também). Vê-la tão feliz compensava todo o esforço que o garoto teve para conseguir aqueles ingressos. Tinha algum tempo que os dois não faziam algo divertido juntos.
Jessica sentia-se mais leve agora. Ela pensara que sair com Matthew tornara-se algo extinto em sua lista de coisas a fazer num final de semana. Depois do término com Josh e a repentina volta de sua amizade com David, ela meio que deixara Matthew de lado. Inconscientemente, é claro.
Um nome vem a sua cabeça e ela pondera se deveria ou não tocar no assunto. E talvez ele nem soubesse a resposta, mas ela não via problemas em arriscar:
- Como Emily está?
Matt franze o cenho, surpreso por ela ter tocado no assunto tão de repente.
- Por que a pergunta?
- Porque eu me importo com ela.
- Jura? E com que frequência você quebra o nariz das pessoas com quem você se importa?
- Será que dá pra você esquecer esse episódio? Eu fui idiota e impulsiva, ‘tá legal? Ambas fomos.
Faz-se uma pausa antes dele perguntar:
- O que ela disse pra você?
- Nada – Jessica diz, xingando-se mentalmente por ter respondido tão vaga e rapidamente, evidenciando assim que aquilo era mentira.
- Você não entraria numa briga por “nada”. Ela deve ter falado alguma coisa bem forte pra ter conseguido te tirar do sério.
- Não foi nada, Matty. Esquece isso – é talvez ela não devesse ter tocado no assunto, mas é que ela já tinha até se esquecido de sua discussão com Emily. E, pensando bem, o que ela lhe dissera tornava aquele momento um tanto quanto incômodo.
“- Matthew te disse por que terminamos?
- Na verdade não
- Então deixa que eu te diga. O motivo é simples: você.
[...]
- Eu não os entendo. Josh, David, Matthew. Como eles podem se apaixonar por uma vadia drogada e egoísta como você?
Everdeen olha discretamente para Matthew, perguntando-se se Emily estava certa. Não, aquilo era impossível. Os dois eram apenas bons amigos. E mesmo que eles tivessem passado por uma fase de “amigos com benefícios”, isso era somente resultado da carência de ambos, nada mais. Emily deve ter entendido errado e deixara seu ciúme falar mais alto. É, era isso.

~”~
Era uma tarde típica de domingo, tediosa como sempre. Rachel conversava com sua irmã Jennifer, que agora estava em Yale, por vídeo-chamada. A mais nova ria com as histórias da primogênita sobre a faculdade, até que um assunto mal esclarecido surge:
- E então maninha, a festa estava legal?
Rachel queria responder um alegre “sim”, porém ela não tinha certeza, afinal metade daquela noite fora apagada de sua memória.
- Roundview será sempre Roundview – uma resposta evasiva, mas que não deixava de ser verdade. Rachel tira os olhos da tela de seu computador para seu celular que piscava em cima de sua cama, com uma mensagem nova, mandada por Alexandra:
Olhe o TheGossip, agora!!!
Três pontos de exclamação? A coisa deveria ser séria.
Pelo celular mesmo, ela entra no site de fofocas do colégio e assim que a página carrega, o coração da garota começa a fazer polichinelo em seu peito.
- Jen, eu falo com você depois, agora eu tenho que resolver um assunto.
- Está tudo bem? – Jennifer questiona ao notar o nervosismo da irmã.
- Está sim, daqui a pouco eu volto – Rachel desconecta-se do chat, troca suas confortáveis pantufas do Coragem, o cão covarde por um par de all stars e sai apresada de casa.

~"~
- Você se lembra disso? – Rachel pergunta ao garoto sentado a frente do computar, olhando para a foto dos dois se beijando na sala da Srta. Fray.
- Sim – David responde simplesmente, sem lhe dirigir o olhar. Ele não sabia por que –G gostava tanto de colocá-lo nessas situações, apesar de achar que ela lhe dera a resposta: “Thompson, você é fácil de mais de prever”. Ao menos era o que estava escrito logo abaixo da fotografia.
- Foi ela que me fez esquecer sobre isso, não foi?
- Provavelmente. Quando nos encontramos naquela sala, você já estava drogada e depois daquilo, dois caras te levaram embora. Eu até tentei ir atrás, mas então o Jeremy me disse que a Alexandra te levara pra casa. No outro dia eu pensei em perguntar se estava tudo bem com você, mas não sabia se você se lembrava de alguma coisa. No final, meu palpite estava certo.
Enquanto Rachel ouvia a sua explicação, um momento de epifania lhe ocorrera ao lembrar-se de outro fato parecido. Assim que David termina de falar, ela decide lhe perguntar:
- Foi isso o que aconteceu no seu aniversário?
- Então agora você acredita? – ele estranha o jeito que Rachel o olhava: como se tivesse acabado de descobrir que ele era o vilão do filme esse tempo todo. – O que foi?
- Você é mesmo um pervertido que gosta de se aproveitar das garotas nessas situações. Pobre Jessica, eu a julguei errado. Você deve ter adorado tudo isso, não?
- ‘Tá de brincadeira comigo? Por que eu gostaria de algo que só me mete em encrenca?
- Porque você é um hentai-san* – dito isso, Rachel deixa o quarto do garoto, desce as escadas e passa pela porta da frente, pensando em como era azarada e mais decidida do que nunca em descobrir quem era –G e ter a sua vingança, doce e dolorosamente.

~"~
Harry sabia que aquilo não estava certo e que era irresponsabilidade de mais até pra ele. Mas a garota parecia tão abatida que não tentar ajudá-la de alguma forma era um tanto quanto cruel. Logo, ali estavam os dois, no E-Zine, tentando fugir de seus problemas de uma maneira ilegal.
- Vai com calma aí aspirador! – Harry diz em meio a risadas para a garota que sugava todo o pó branco disposto a sua frente. Ela volta sua cabeça para ele e lhe dá língua. Ele ri ainda mais, mas logo pára, assim que vê o garoto de braços cruzados e cara fechada os olhando indignado.
- De novo? – Raphael questiona mais calmo do que Harry esperava. Como ele sempre os encontrava, o garoto não sabia. Talvez ele tivesse um GPS instalado nele que sempre o levava até uma das irmãs Blackwell. Certo, está na hora de parar com a morfina*.
- Você não vai fazer todo aquele show outra vez, vai? – Dakota pergunta, referindo-se a primeira vez que Raphael a encontrou ali.
- Não. Vou deixar o problema pro Jones – ele diz num tom seco e lhe dá as costas.
- O que deu nele? – a garota questiona, vendo-o se afastar.
- Quem vai saber?
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*Hentai significa "tarado" em japonês. Hentai-san é uma referência ao anime "Hentai Ouji to Warawanai Neko"
*Morfina: fármaco narcótico de alto poder analgésico usado para aliviar dores severas, seu uso indevido pode causar dependência. A heroína é um derivado da mesma.
Hei guys! Esse capítulo ficou pequeno, mas os anteriores estão tão grandes que meus dedos mereciam uma folga. But don't worry, os próximos serão maiores do que esse (eu sei, sou muito legal, me amem).
Respostas dos comentários aqui.
P.S.¹: Obrigada Erika pelo selinho *u*
P.S.²: Quem tiver um tumblr, segue o de DS. Grata.
Beijos pessoas lindas, até domingo que vem.
Diga "oi" pro Logs!

domingo, 11 de agosto de 2013

Doce Sacrifício - Capítulo 15 [Everybody hurts]

Musica tema: Where You Are [Gavin DeGraw]

David estava sentado no chão de seu quarto, com as costas apoiadas em sua cama, tentando fazer os exercícios de matemática que Jessica lhe passara. Já esta se encontrava deitada na cama do garoto, lendo um livro de literatura clássica.
O silêncio que pairava fora interrompido pela porta que abrira subitamente.
- Ok, vocês dois estão fazendo sexo – Billy diz num tom divertido, olhando para os dois jovens e esperando por suas reações.
- Sério? – Jessica olha indignada para o amigo. – David por que você não me disse? Eu teria abaixado o meu livro!
Thompson revira os olhos pela brincadeira do padrasto.
- Desculpa, me esqueci desse detalhe.
- Certo, depois que terminarem Linda está os chamando para jantar – ainda com o sorriso travesso, Billy fecha a porta do quarto e os deixa a sós novamente.
- É melhor irmos antes que ele invente mais alguma coisa – David levanta-se e vai até a porta, esperando pela garota. Ela o segue escada abaixo, pensando se Billy fazia esse tipo de brincadeira quando Alexandra levava alguém pra lá. É óbvio que não né.

Raphael liga seu carro e deixa o E-Zine. Ele estava com a cabeça cheia e aquele lugar não o estava ajudando. Depois de algumas voltas, Raphael decide ir ao Joey’s, um barzinho bacana muito frequentado pelos alunos do Roundview.
Ele passa pela porta do local e dirige-se ao balcão para pedir uma cerveja. O garoto senta-se num dos bancos ali dispostos, e pega o copo que o garçom lhe estendeu, levando-o a boca. Quando ele pede uma segunda rodada, outro garoto senta ao seu lado. Raphael o olha de canto de olho, reconhecendo-o de imediato.
- Hei cara.
- Oi. Afogando as mágoas? – Jeremy dá uma risada nasalada pela própria piada.
- É tão óbvio assim? – Raphael questiona, dando mais um gole em sua bebida.
- Algum problema?
- Vanessa disse que me amava e eu não pude dizer o mesmo.
- Isso é um problema. E você não pôde por que...?
- Eu achava que eu a amava, e eu não tinha problema nenhum em dizer isso. Mas agora...
Algo mudou. Jeremy entendia aquilo muito bem.
- O que você acha que aconteceu?
Não é óbvio? Michelle aconteceu.
- Eu não sei...
- Só tenha cuidado com o que você vai fazer Duncan, ela só está aqui por sua causa.
Raphael junta às sobrancelhas, olhando-o em confusão.
- Ashley. Ela me contou.
Ele então solta um “Ah!” de compreensão. Mas não é como se ele fosse seu anjo da guarda ou coisa assim. Vanessa podia muito bem cuidar de si mesma sozinha, afinal não era isso o que ela estava fazendo agora?

Chega de números e fórmulas idiotas”. Alexandra fecha seu caderno e o desliza pela cama, afastando-o de si. Ela e Nick estavam naquele quarto estudando há mais de uma hora e esse definitivamente era o pior jeito de se passar uma hora dentro de um quarto com o seu namorado. Lexi olha para o garoto ao seu lado, concentrado ao cálculo que executava em seu caderno, tamborilando os dedos da mão livre em cima do livro e mordendo o lábio inferior inconscientemente. Alexandra amava aquela mania dele.
Já checa!”. Sem dizer palavra, ela fecha o livro e o caderno do garoto e os atira ao chão, junto com o lápis que ele segurava. Nick a olha em confusão, pronto para perguntar o que diabos ela estava fazendo, mas Lexi sela seus lábios com um beijo, lhe tirando a chance de falar qualquer coisa.
Ele a deita sobre a cama, ficando por cima dela. Sua mão direita passeia pelo tronco da garota, chegando à barra de sua blusa. E quando este estava preparando-se para tirá-la, ouvi-se uma batida na porta. Num ato impensado, Alexandra empurra o garoto para o lado, tirando-o de cima dela, o que faz com que Nick caia de costas no chão.
Antes que ele pudesse reclamar, a porta se abre, revelando Brian.
- O que foi agora? – Lexi lhe pergunta, obviamente irritada pela intromissão.
- Eu não acho que Nick deveria ficar aqui se é isso o que pensava – ele olha para o garoto, agora sentado no chão. – Sem ofensas, cara.
Alexandra revira os olhos.
- Você sofre de alguma esquizofrenia, ou algo assim?
- Só estou tentando fazer a coisa certa. Você é uma menina, sua mãe não gostaria disso.
Só podia ser brincadeira! Depois de tudo o que ela teve que escutar à noite desde que chegou ali, ele acha mesmo que tem alguma moral pra falar sobre isso?
Alexandra levanta-se da cama e fica de frente para Brian, completamente irritada.
- Ele vai ficar aqui comigo, e nós vamos foder tão alto que vai abafar os ruídos de você e da minha mãe fodendo! – ela o empurra pra fora de seu quarto e fecha a porta na cara dele. Nick senta-se na cama, lançando-lhe um olhar malicioso.
- Não me olhe com essa cara, nós não vamos fazer isso.
- Merda... – ele diz por fim, claramente desapontado.

~”~
O salão era precariamente iluminado pelas luzes coloridas que giravam no teto. Jovens em diferentes fantasias dançavam no meio do ginásio.  Ashley e a garota loira os acompanhavam, rindo sem motivos. Ashley deveria fazer isso mais vezes. Aquela sensação de liberdade, a felicidade que sentia como se não houvesse problemas no mundo capazes de incomodá-la. E quando deu por si, já estava beijando a garota, suas mãos envolvendo sua nuca, puxando seus cabelos delicadamente, assim como as da outra.
- Ashley! – ela olha para a loira, mas o som não vinha da sua boca. – Ashley!
Ela acorda sobressaltada e olha para a irmã com os olhos arregalados e um início de parada cardíaca.
- Cristo, Vanessa! O que foi?
Vanessa puxa o braço da irmã, levantando-a da cama e a empurrando até a porta.
- Anda logo Ashley! Desse jeito nós vamos nos atrasar! – Ash ri do desespero da outra. “Onde é o incêndio afinal?”.
- Calma garota, credo!
- Calma nada! Se chegarmos atrasadas, não vamos poder entrar! – ela a empurra para dentro do banheiro e fecha a porta do mesmo, deixando Ashley sozinha ali.
Ela olha para seu reflexo no espelho, com as imagens de seu sonho ainda frescas em sua cabeça. Geralmente as pessoas se esquecem do que fazem quando estão sob o efeito do MDMA, por que Ashley tinha que se lembrar com tantos detalhes?

Há vários lugares interessantes para se estar num sábado de manhã. A escola obviamente não era um desses lugares. Os alunos passavam pelos portões do Roundview, resmungando de sono, andando como zumbis até as suas salas. Alguns ainda se permitiam um olhar curioso para a faixa amarela em volta do teatro, avisando para não ultrapassarem aquela área. Os boatos sobre o que acontecera já estavam correndo, mas tudo o que podia se tirar de concreto era que um incêndio acontecera ali na noite de halloween, enquanto os alunos estavam na festa. Alguns também falavam sobre a ausência dos professores no dia, eles foram vítimas de alguma brincadeira e a diretora Hastings estava louca atrás dos culpados. O que explicava o último aviso do vice-diretor Doug: a partir de segunda-feira ele chamaria cada aluno em sua sala para uma conversa individual, ou seja, ele os interrogaria no melhor estilo de filme policial que conseguisse.
- Pobre Doug, vai ter um trabalho e tanto – Alexandra comenta, a caminho de sua sala.
- Você não está preocupada? – Rachel questiona, tentando parecer indiferente, mas estava tremendo por dentro.
- Claro que não, eu sei que não fiz nada. Não preciso temer coisa alguma. Nem você.
- É... claro – Rachel senta em seu lugar. Sua expressão não era a de alguém que não tinha nada a temer. Na verdade ela estava muito preocupada com essa história, afinal ela não se lembrava de quase nada daquela noite. A possibilidade de ela ter ateado fogo ao teatro era mínima, mas o que ela diria a Doug quando ele lhe perguntar onde ela estava? Algo lhe dizia que isso não acabaria bem pra ela.

~”~
Jessica estava sentada em um dos bancos do pátio escolar, esperando Alison terminar sua prova do SAT*. David estava ao seu lado, ela o obrigara a ficar ali com ela. Jessica odiava esperar, se ficasse sozinha iria enlouquecer. Os dois conversavam normalmente sobre coisas banais (o que não faziam há muito tempo), até a garota reparar na cara fechada de David. Ela segue o seu olhar, encontrando Joshua e mais dois amigos conversando ao lado de uma das salas.
- Dá pra parar de encarar o Joshua? Esse é o meu trabalho!
- É, mas pelos motivos errados.
- Não foi ele quem levou Rachel àquela sala, David!
- Como você pode ter tanta certeza? Ela queria que você fosse atrás da gente, eu estava preso naquela sala, mas ele foi embora numa boa.
- Naomi deve dê-lo o encontrado.
- Ou estava ajudando-o.
- Olha, eu não me importo de você achar que Naomi esta ajudando –G, até apoio a ideia, mas Josh não. Isso é impossível!
- Por quê?
- Ela já me ameaçou usando Josh.
- Vai ver ele estava despistando.
- Ah claro! Ele ficou na frente daquele carro de propósito, foi parar no hospital só para eu não desconfiar dele.
David hesita por um instante, parecia estar se esforçando para se lembrar de algo.
- Nós estávamos juntos nesse dia, não estávamos? – ele questiona, divagando em seus pensamentos. – Sim, no Joey’s. Você ia me dizer alguma coisa importante, mas então ouvimos o barulho do carro. O que era mesmo que você ia me falar?
Jessica desvia o olhar, tentando ao máximo fingir que não sabia do que ele estava falando. Mas na verdade ela se lembrava muito bem: naquele dia ela estava a ponto de lhe dizer que era uma das ajudantes de –G, porém foi impedida pela própria, quando esta atropelou Joshua em frente ao Joey’s. Brenda e seu jeitinho amável de calar as pessoas. Jessica até poderia contar sobre isso a David, mas ela prefere ficar quieta. Afinal Brenda morrera num acidente de carro (muito suspeito por sinal) e dizer que a ajudava naquela época não serviria para nada agora.
- Não lembro. Não devia ser nada de mais.

~”~
A pista estava praticamente vazia, o clima frio não estava muito convidativo. Jeremy senta-se em uma das rampas, com o skate ao seu lado, e fica observando Nick e David fazerem suas manobras. Do outro lado da pista, na “parte verde” do parque, ele nota a garota morena sentada num dos bancos do gramado. Marshall pega seu skate e vai até ela. Quanto mais se aproximava, mais percebia pela sua expressão que algo estava errado.
- Hei Ash. Você ‘tá legal?
- Não.
Jeremy senta ao seu lado e lhe pergunta num tom preocupado:
- O que aconteceu?
Ele a observa enquanto ela parecia decidir se lhe contava ou não o que estava a incomodando. Por fim ela ajeita-se no banco e dispara:
- Eu beijei uma garota! – ela lhe dirige um olhar desesperado. – E eu gostei!
- Ótimo! Agora você já pode escrever uma canção pop horrível. – ele tenta não rir com a sua piadinha, porém uma risada fraca acaba lhe escapando.
- Jeremy, isso é sério!
- Certo. E o que isso significa? Que você é gay?
- Eu não sei – Ashley olha para as árvores a sua frente, cujas folhas e galhos balançavam com o vento. – Talvez.
- Não vamos nos precipitar, ok? Afinal de contas foi só um beijo.
Poderia até ser, mas as circunstâncias e com quem ele aconteceu não o tornavam só um beijo. Todavia, ela não explicaria isso a ele.
- É... você está certo – ela diz baixo, torcendo muito para que não fosse mentira.
O coração de Jeremy estava apertado por vê-la daquele jeito, então ele pega a mão da garota, segurando-a firma na sua, e a olha com um sorriso compreensivo, para lhe mostrar que estaria ali para o que ela precisasse. Aquele gesto foi tão doce que Ashley precisou se controlar para não pular no garoto ou apertar as suas bochechas.
- Jeremy?
Os dois sentados ao banco olham para frente, para a voz que havia se pronunciado, encontrando uma garota baixa que os observava com um olhar inquisidor.
Num átimo, Jeremy solta a mão de Ashley e fica de pé em frente à namorada.
- Madi! Oi.
- Estou interrompendo alguma coisa?
- Não, não. Ashley e eu só estávamos conversando.
E você precisa segurar a mão dela daquele jeito pra conversarem?
- Ah, ok. Eu – Madison olha para os dois mais uma vez. – já vou indo – ela faz menção de se afastar, mas Jeremy agarra o seu pulso.
- Espera! Eu levo você – ele sorri como se estivesse tudo bem e passa um braço pelos ombros da garota. – Até mais Ash.
- Tchau. – ela os observa irem embora, chegando à conclusão de que Madison era uma garota de muita sorte por ter um namorado tão legal quanto Jeremy.
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*SAT: exame do Ensino Médio realizado nos Estados Unidos; assim como o Enem, a nota deste é importante para ingressar numa universidade.
Heeeey people! Como vão vocês? (eu vou bem, minha vida tá boa)
Bem, pra quem gostou da Lexi com seu padrasto Brian, aqui teve mais um pouco dos dois (desculpe se a fala dela foi muito forte e lhes ofendeu de alguma forma).
Não vou falar nada desse final, tirem suas próprias conclusões... Enfim, comentários do cap. anterior aqui.
Ganhei também um selinho *u* da linda da Malu Oliveira (do blog !Imagine!) muito obrigada.

Regras:
- Agradecer a pessoa que te indicou e colocar o link do blog dela no seu blog;
- Indicar 15 blogs com menos de 200 seguidores;
- Avisar aos blogs sobre a indicação;
- Escrever 7 coisas que você gosta.

Sete coisas que eu gosto:
- Ler (livros e fanfics);
- Dormir;
- Comer (é tudo de bom);
- Assistir séries e animes;
- Escrever;
- Música;
- Tumblr.

Não vou indicar (porque são muitos blogs e esse post já está enorme), mas sintam-se à vontade para pegar o selo se vocês quiserem ;)
Beijos - TheGossip
If I was a judge I'd break the law...

domingo, 4 de agosto de 2013

Doce Sacrifício - Capítulo 14 [The first scare]

Musica tema: Forever Halloween [The Maine]

Emily já estava cansada daquela festa. Vanessa não desgrudava de Raphael e, do jeito que o relacionamento deles estava indo, era melhor deixá-los aproveitar. Emy observa os alunos dançarem na pista improvisada no meio do ginásio. Ela não estava a fim de ir dançar também.
Num canto, ela encontra Matt pegando alguns doces da mesa encostada à parede. Ela decide ir até ele. Talvez ele tivesse algo pra ela.
- Hei Matty – ela dá seu melhor sorriso enquanto ele vira-se e a olha por um instante, sem expressar reação alguma.
Matthew observa a garota morena à sua frente. Ela usava um vestido fino sem mangas, branco com detalhes em dourado, que batiam um pouco abaixo de seus joelhos, e sandálias de tiras. Era fácil reconhecer sua fantasia. Emily estava como uma deusa grega, literalmente. Tão linda que deixaria até Afrodite com inveja.
- Resolveu lembrar que eu existo agora? – ele dá um sorriso sarcástico e ela revira os olhos.
- Não começa Matt – ela aproxima-se ainda mais, voltando a sorrir e passando as mãos pelo colete de couro marrom da fantasia dele. – Eu estava pensando se você não teria alguma coisa aí pra mim.
- Não vou te dar nada, Emily. Estamos no colégio.
- Nem vem! Eu vi você vendendo antes.
- Mas eu tenho certeza que nenhuma daquelas pessoas estava grávida.
- Qual é Matty! Só um não vai matar! – ele a olha incrédulo e ela percebe a burrada que disse. “Força de expressão errada Pieterse”.
- Você sabe que pode sim Emily!
- Tudo bem, eu compro do Taylor. Tenho certeza que ele não se importa – ele não queria assumir aquela coisa mesmo, talvez nem visse problemas em vendê-la algo. Ela dá as costas a Matt, mas este segura seu braço, impedindo-a de ir.
- Você não vai fazer isso.
- Nem tente me impedir Fitch. Isso não é da sua conta.
Ela nota seus olhos azuis ganharem um brilho diferente e então ele faz algo que Emily com certeza não esperava: ele a ergue e a coloca sobre o seu ombro, como um saco de batatas, e deixa o ginásio. Só quando estão no meio do gramado, ele resolve ouvi-la e coloca-a de volta no chão. Emily distribui tapas por seus braços e tronco.
- O que você pensa que está fazendo? – ela continua a lhe desferir tapas o mais forte que conseguia, mas eles não pareciam surtir efeito. Matthew consegue segurar os braços da garota e se aproxima com uma expressão séria, quase tocando a ponta de seu nariz ao dela. Os dois ficam se encarando por alguns segundos, em silêncio. Até Emily perceber que isso não estava indo por um bom caminho.
- Me solta Matthew, agora – e ele assim o faz, mas não se afasta. Matt sorri e Emily fica ainda com mais raiva dele por ter um sorriso tão lindo e estar tão perto.
- Acho melhor levá-la pra casa... antes que acabe fazendo alguma besteira.

#
- David?
O coração do garoto quase salta pra fora do peito ao ouvir seu nome sendo chamado. Ele olha para a porta e encontra uma garota de cabelos roxos e camiseta laranja: Jessica.
- Está tudo bem? – ela questiona, passando os olhos pela sala escura e andando até ele. Agora que estava mais perto, ela pôde notar o seu rosto machucado. – O que aconteceu com você?
- Foi muito bizarro, eu ainda estou tentando processar.
Assim que ele termina de falar, seus celulares tocam, avisando que receberam uma nova mensagem:
Happy Halloween! –G
Logo em seguida, Jessica recebe mais um torpedo:
Você é uma péssima salva-vidas
E embaixo da frase, uma foto de um policial acompanhando a Rainha de Copas: Josh e Naomi saindo do colégio.
- Cadela – Jessica fala baixo, na esperança de que David não percebesse nada, mas ele a escuta e toma o celular de sua mão (educação mandou um “oi”).
Dav franze o cenho ao ver a imagem. Joshua estava com uma fantasia de policial. Rachel não mencionara que fora levada àquela sala por um policial? Isso não podia ser uma simples coincidência.

#
Ali fecha a porta, que range com o movimento, e olha ao seu redor com um pouco de dificuldade, pois aquele lugar estava um breu. Ela anda pelo corredor central, passando uma das mãos pelas poltronas a sua direita, e fica de frente para o palco, onde uma fraca lâmpada fora deixada acessa.
Por entre as coxias, Fitzgerald vê um vulto vermelho passar, provavelmente a garota que ela vira entrar ali minutos antes. Ali espalma a mão no piso do palco, impulsionando-se, e o sobe. Com passos cautelosos, ela passa pelas cortinas, procurando pela garota do vestido vermelho.
–G queria que ela fosse até o teatro, bem, ela estava ali. E agora?
Sua pergunta foi respondida quase que imediatamente:
- Alison – a garota tem um sobressalto ao ouvir seu nome sendo chamado. – Alison – ela olha para a porta a sua frente com olhos arregalados, a voz vinha dali. Com a mão tremula, ela gira a maçaneta e abre a porta.
- Alison – uma boneca de longos cabelos loiros encaracolados, calça jeans e camiseta laranja estava posicionada no centro de uma mesa no meio do pequeno cômodo. Um círculo de fogo ardia ao seu redor, mas a pequena boneca continuava a chamar o nome da garota. Ainda em choque, Alison nota a jarra de vidro posta na estante ao seu lado. Sem pensar duas vezes, ela joga a água de dentro do recipiente e apaga as chamas antes que estas consumissem a roupa da boneca, que para de falar. Provavelmente estragou por estar encharcada.
Alison respirava pesadamente, ainda fitando o brinquedo e, pela segunda vez naquela noite, seu coração para ao ouvir o toque de um celular, que dessa vez era o da própria. Ela o tira de seu bolso e abre a mensagem que acabara de receber:
Eu estou de volta, vadia. E dessa vez você é a caça. Happy Halloween   –G
Com mais um olhar assustado, Fitzgerald encara sua boneca pela última vez e sai correndo do teatro. E ela só para de correr quando chega ao estacionamento do colégio, onde encontra Jessica e David em frente ao seu carro.
Jessica olha preocupada para a amiga que tentava recuperar o fôlego à sua frente.
- Você está bem?
- Eu ‘to legal – Ali ajeita sua camiseta laranja e olha para David, ela faz uma careta ao vê-lo. – O que aconteceu com seu rosto?
- Longa história. Conto no caminho pra casa.

~”~
Sete e dez da manhã. O despertador de Alexandra toca, acordando a garota que dormia aconchegantemente em sua cama. Com todo seu mau humor matinal, ela afasta seu edredom com os pés e levanta da cama. Ainda usava seus fones de ouvido (a única forma de conseguir dormir sem ter de ouvir certas coisas) e os tira, colocando-os sobre o criado-mudo ao lado da cama. Ir morar com sua mãe e o namorado dela talvez não tenha sido uma ideia tão boa. Ela anda sonolenta até o despertador que berrava. Lexi o desliga e bufa. Ela odiava acordar cedo.
Alexandra desce as escadas, ainda de pijamas, e vai até a cozinha, onde encontra sua mãe e Brian.
- Bom dia querida – Tiffany sorri para a filha e volta sua atenção para a cafeteira. Lexi resmunga um “bom dia” e senta-se à mesa, de frente para Brian. Ele a olha, para lhe cumprimentar também, mas acaba se distraindo com a imagem à sua frente.
- Mãe! Ele está olhando pros meus peitos!
Tiff olha para as vestes da garota: um pequeno short de flanela e uma blusinha de alcinha e decotada.
- Também querida, com essa roupa – Tiffany coloca uma xícara em frente a Brian e senta-se ao seu lado. Ele toma um gole de seu café e não ousa olhar para nenhuma das mulheres ali presentes. Ele não tinha planejado olhar para os dotes de Alexandra, mas como Tiff havia dito: era praticamente impossível não notar com aquela roupa.

#
Ashley não queria ir para o colégio, não hoje. Mas como a desculpa de estar doente não funcionava com sua mãe, lá estava ela na frente do Roundview High School. A alguns metros de distância, ela vê Cassie e Nicole conversando. Instantaneamente, na mente de Ashley, o uniforme azul e branco de Cassie se transforma para uma estampa camuflada em verde musgo, igual a que ela usara noite passada. Ash meneia a cabeça, para livrar-se daquele pensamento, e volta a andar ao lado da irmã. Tudo o que aconteceu ontem foi total e exclusivamente culpa do MDMA* que ela tomara. Só isso. Ela não se permitiria pensar de outra forma.

~”~
Raphael esforçava-se para manter os olhos abertos. De quem foi a brilhante ideia de dar aulas no dia seguinte a uma festa?
O garoto escora sua cabeça no pilar ao lado do banco em que estava sentado e considera a ideia de dormir um pouco, somente alguns minutinhos. Seus olhos começam a pesar e ele os fecha, entretanto quando ele pensou que teria o seu momento de paz o sinal toca, quase o fazendo cair do banco devido ao barulho que o pegara de surpresa.
Rapha faz uma careta, em desapontamento, e olha para a garota ao seu lado. Vanessa estava tão concentrada no que escrevia que nem notara seu quase cochilo. Ela fecha seu livro e os dois levantam-se.
- É melhor você ir agora, não vai querer chegar atrasada na aula do Sr. Snicket, vai?
- Não. Até depois – ela lhe dá um beijo. – Te amo.
- Ótimo – ele sorri amarelo, lhe dá um beijo na testa e segue até a sua sala de aula.
Ótimo? Que tipo de resposta é essa Duncan?

#
Meredith Hastings, a rígida diretora do Roundview, estava em pé ao lado do pequeno cômodo atrás do palco do teatro, junto a uma equipe de policiais e bombeiros.
As paredes estavam todas chamuscadas e o chão coberto por cinzas, o lugar estava uma bagunça. A Sra. Hastings respirava pesadamente, tentando se acalmar. Mas o gesto era em vão, afinal o cheiro das cinzas invadia suas narinas, fazendo-a voltar para a calamidade daquele teatro.
- Algum progresso? – Doug, o vice-diretor, aparece ao seu lado, olhando atentamente o trabalho dos bombeiros.
- Não, tudo o que sabemos é que o incêndio começou nesta sala – Meredith aponta para a salinha a sua frente.
- Ainda pretende interrogar os alunos?
- Mas é claro! Tenho certeza que isso foi alguma brincadeira de mau gosto daquelas pestes.
- Interrogar a todos eles vai levar muito tempo, diretora!
- Eu sei, é por isso que você é quem vai fazê-lo – Sra. Hastings lhe dá as costas, batendo seu salto na madeira do palco. Doug suspira indignado, mas não surpreso, o trabalho pesado sempre sobrava para ele.
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*MDMA: droga sintética, mais comumente chamada de êxtase.
O que acharam da "creepydoll"? Fofa, não? Outro fofo é o padrasto da Lexi, tão discreto...
Anyway, obrigada por acompanharem a história e pelos seus comentários (respostas aqui). Pergunta básica: qual é o casal (oficial ou não) que vocês mais gostam? Só pra eu ter certeza de que não estou arruinando suas expectativas. Bem, é isso. Sayonara!