Musica tema: You can never go back [Jon McLaughlin]
- Eu não acredito que vocês usaram
a minha sala pra fazer algo tão
obsceno!
A Senhorita Fray exclama indignada
para os dois adolescentes a sua frente, sentados do outro lado de sua mesa.
- O que? Não! – David é o primeiro
a se pronunciar, ele já sabia que chegariam a essa conclusão, logo já estava
pronto para fazer suas negações. – Nós não fizemos nada!
- Querem mesmo que eu acredite que
vocês foram para a parte mais afastada da escola só pra dar um beijo?
- Mas é verdade! Eu ainda... eu
nunca... – Rachel olha de soslaio para o garoto ao seu lado e deixa a frase
morrer ali. Mais um pouco e ela deixava aquilo escapar. A Srta. Fray continuava
a encará-la, esperando que ela continuasse, e então a garota o faz: – Eu nunca
faria uma coisa dessas! Eu te respeito, você sabe! Acha mesmo que eu faria algo
assim na sua sala ou em qualquer outro lugar do colégio? Acha mesmo que eu sou
esse tipo de garota?
David a olha um tanto surpreso, ele
não imaginava que ela iria ficar tão nervosa com essa situação, mas ali estava
ela, fitando sua professora de filosofia com um semblante sério como se
dissesse: duvide de mim que eu grampeio a
sua língua.
A Srta. Fray encara sua aluna por
um instante. Ela conhecia Rachel Martim muito bem e realmente duvidava que ela
fosse fazer algo desse gênero. A professora decide confiar nos dois, mas ainda
tinha mais uma coisa a tratar:
- Certo. Mas continuando, vocês
ficaram juntos a noite todo? Não sabem mesmo
nada sobre o incêndio?
- Nós não sabemos nada sobre isso,
professora, nós juramos – David afirma, embora a lembrança do que Alison lhe
contara ainda rondasse a sua mente. Mas aquilo não podia estar ligado ao
incêndio, afinal Alison apagara o fogo em volta da boneca bizarra. Ela não
podia ser a culpada, e David não devia pensar nisso agora, sua professora
poderia perceber que o que ele falara não era totalmente verdade.
- Tudo bem, eu vou acreditar em
vocês. Não me façam me arrepender disso. Estão dispensados.
Sem delongas, os dois levantam de
suas cadeiras e deixam a sala. Rachel espera o garoto fechar a porta para lhe
perguntar:
- Ela vai me odiar agora, não vai?
- A Srta. Fray é uma professora
legal, não se preocupe com ela – David lhe dá um meio sorriso e começa a andar
pelo corredor, sem muita esperança de que a garota o seguisse.
- David! – ela o chama, para sua
surpresa, e ele volta-se a ela. Rachel solta um leve suspiro antes de lhe
perguntar em uma voz baixa: – Não passou daquele beijo, não é?
- Não se preocupe com isso também,
nada aconteceu – ele então esboça um sorriso brincalhão. – embora você
parecesse bem empenhada em tentar.
- Pro inferno que eu iria querer
fazer alguma coisa com você!
Agora foi a vez dele de soltar um
suspiro, mas um pouco mais desapontado do que o da outra.
- Vamos mesmo voltar pra esse tipo
de relacionamento?
- É o único que funciona. – Rachel
lhe dá as costas, caminhado pela direção contraria a que o garoto havia
começado anteriormente.
~"~
Esse era de longe o melhor dia para odiar o próprio emprego.
Doug não aguentava mais fazer as mesmas perguntas e ter de ouvir as inúmeras
respostas de defesa de seus alunos. Graças aos Céus alguns professores estavam
o ajudando, porque se dependesse da diretora Hastings, o pobre Doug sofreria
sozinho.
Agora ele encontrava-se sentado em sua cadeira de couro, a
mão direita segurando uma de suas incontáveis canetas e a mão esquerda
apertando uma pequena bola anti-stress.
A sua frente, uma garota loira o fitava com um olhar divertido, típico de um
adolescente encrenqueiro, um sorriso tentando ser contido enquanto esperava as
palavras finais do vice-diretor. Cassandra Prescott inclina-se em sua cadeira,
dobrando os braços sobre a mesa e arqueia uma sobrancelha, num ato autoritário
diante a pergunta do homem.
- Qual é Doug, você acha mesmo que eu faria uma coisa
dessas?
- Você realmente quer que eu responda senhorita Prescott?
Você já fez várias coisas erradas por aqui, principalmente brigas envolvendo
suas colegas Alexandra e Madison.
- Mas eram sempre elas
que começavam! Não se lembra do episódio da tinta? – Cassandra sentia um ódio
enorme de Alexandra todas as vezes que se lembrava de quando ela jogara tinta
vermelha em seu cabelo. – Além do mais, brigas são bem diferentes de incêndios. E por que eu iria querer fazer isso?
Francamente!
- Certo Prescott, supondo que não tenha sido a senhorita,
ainda assim não há nada que queira acrescentar? Você não viu nada estranho,
nenhum movimento suspeito?
- Não. Estive somente no ginásio e no primeiro bloco de
salas a noite toda, não cheguei nem perto do teatro e não sei de ninguém que o
tenha feito. Posso ir agora?
- Pode Prescott, e não arrume confusão!
- Claro Doug, claro – Cassandra esboça um sorriso divertido,
deixando claro que seu pedido era inútil. Se ela quisesse arrumar confusão, ela
assim o faria. A garota deixa a sala do vice-diretor, deparando-se com a morena
sentada no banco de madeira ao lado da porta. O olhar das duas se cruza por um
segundo antes de Ashley o desviar. A garota parecia nervosa segurando a barra
da saia azul de seu uniforme. Cassandra sorri discretamente por isso, Ashley
com certeza se lembrava do que acontecera na noite de halloween e é claro que Cassie tiraria proveito
disso.
~”~
Numa Starbucks qualquer, Jessica
olhava distraidamente o movimento das ruas pela janela, sua amiga Alison
sentada do outro lado da mesa.
- Droga, droga, droga! – Alison exclama,
em dúvida entre xingar e amaldiçoar aquela pessoa de todas as formas cabíveis
ou simplesmente entrar em pânico de uma vez.
- O que foi? – Jessica pergunta,
preocupada e assustada pela amiga que estava quase surtando.
Alison volta o vídeo em seu celular
e o mostra para Jessica, que agora entendia todo o seu nervosismo, pois ela
mesma estava a ponto de ter um colapso.
- Isso não é bom! Isso não é nada bom!
No vídeo, Alison entrava
sorrateiramente no teatro do colégio, estava escuro e seus movimentos foram
capturados de longe, mas dava para ver perfeitamente que era a loirinha. Não é
necessário dizer quem lhe mandara aquele vídeo, certo? –G voltou a infernizar a
vida de Alison, como assim prometera.
- Deuses! O que eu faço agora?
- Se alguém ver isso, eles vão com
certeza colocar a culpa em você.
- Merda! Mil vezes merda!
E dessa vez ela pegara pesado com Fitzgerald.
~”~
Vanessa guarda seu jaleco branco em
seu armário na sala dos funcionários, despede-se dos colegas e deixa o
hospital. Em determinado ponto do caminho, um jovem casal de namorados passa
por ela. Vanessa olha para as suas mãos entrelaçadas e solta um suspiro. Ela
não devia sentir falta disso, sendo que tinha um namorado, mas ela sentia. A
morena pega seu celular de dentro de sua bolsa e o checa. Nenhuma mensagem,
nenhuma ligação. Às vezes ela se perguntava se Raphael sequer lembrava-se de
que tinha uma namorada e que seria legal se ele a procurasse de vez em quando.
Depois que ele deixou de ir ao
hospital, após acabar suas horas de serviço comunitário, do qual ela não sabia
o porquê de ele estar pagando, os dois ficaram ainda mais distantes. Vanessa
até pensara em largar aquele emprego para passar mais tempo com Raphael, mas
ela amava tanto aquelas crianças que não conseguiria deixá-las. Ela só pensara
que ele ficaria lá também, mas assim que suas horas obrigatórias acabaram ele
não hesitou em ir embora. E a garota ainda não sabia por que ele fora parar
naquele hospital para inicio de conversa. Ela faz uma nota mental de lhe
perguntar isso mais tarde.
Vanessa chega a sua casa e vai
direto para o quarto, ignorando os protestos de seu estômago com fome. Ela liga
seu computador e vê que o TheGossip
fora atualizado, ela não era muito fã do site, mas sua curiosidade falou mais
alto. Ela abre a galeria de fotos e quase cai de sua cadeira ao ver uma foto de
sua irmã. Ela fora tirada na noite de Halloween, mais especificamente no
ginásio do Roundview. Na imagem, Ashley estava no meio de jovens que dançavam
alegremente, mas ela não os acompanhava. A garota vestida de Pocahontas estava
ocupada demais beijando outra garota, uma loira numa fantasia de soldado.
- Mas que porra é essa? Ashley?!
- O que? – a garota que acabara de
entrar no quarto questiona, indo até a irmã e deparando-se com o que a mesma
olhava com tanto espanto. – Merda. Isso não é o que parece!
- Não?! E o que é então? Porque pra mim isso parece ser
exatamente o que eu estou vendo aqui!
~”~
“Desculpe, eu
precisava de uma boa fofoca”
“Você é uma vadia,
sabia?”
“Claro que sabia! Eu
me esforço muito pra isso!”
“Eu não aparecer
direito, foi de propósito?”
“Talvez. Afinal eu te
devia uma pelo o que você disse à Madison”
“Eu ainda não sei o
que aquilo teve de mais...”
“Não muito, mas pra
ela é o suficiente”
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Esse também ficou menor que o usual e bem banal, mas no próximo acontecem coisas bem mais interessantes. Ah, estou pensando em colocar mais uma personagem, o que acham? Dica: é um garoto. Alguém aí tem algum palpite de quem seja?
Então, Cidade dos Ossos, alguém viu?