sábado, 7 de dezembro de 2013

Doce Sacrifício - Capítulo 27 [The Truth - Alison e Jessica]

"I just can’t take this. I swear, I told you the truth"
Musica tema: Jenny Was A Friend Of Mine [The Killers]

O último sinal bate e a Srta. Fray deixa a sala de aula sob o olhar nada apropriado de um de seus alunos. Mas a culpa não era de David por sua professora ter toda aquela “petulância” e “abundância”. Porém era sua culpa não saber disfarçar.
- Você ainda está com essa ideia de pegar a professora? – Jessica pergunta num tom baixo perto de seu ouvido para que os poucos alunos que ainda estavam ali não a escutassem e David sente um arrepio na nuca com aquele ato. Ela não devia fazer esse tipo de coisa. O garoto não a responde, só a olha sugestivamente com um sorriso malicioso nos lábios. – Eca, você está pior que o Jones!
- Nem me fale desse aí – David balança a cabeça, indignado, vendo o último aluno sair da sala. – Como ele teve coragem de comer a Sra. Marshall?
- E você quer comer a Srta. Fray!
- É diferente. Ela é gostosa, solteira e principalmente: não tem filhos da minha idade!
Nisso a garota tinha que concordar.
- Ok, não é que eu esteja tentando defender o Harry, eu só acho que a sua ideia é tão idiota quanto – mas o que há de errado com esses garotos afinal?
- Qual é Everdeen? – ele fica de frente para a garota sentada ao seu lado e enrola a ponta da gravata da mesma em seus dedos. – Está com ciúmes? – David a olha com seu típico sorriso sacana e ela ergue uma sobrancelha, tirando sua gravata das mãos do garoto e levantando-se em seguida. – Pra onde você vai?
- Embora. Ficar numa sala sozinha com você é perigoso demais.
- Tem medo de não resistir a esse corpinho?
- Mas é claro! É muito difícil me segurar para não agarrar esse monte de banha e pelanca caindo – Jessica esboça um sorriso inocente para a cara de chocado de David, que logo trata de lhe mostrar como era lindo o seu dedo do meio e a garota solta uma gargalhada antes de adentrar o corredor.

#
Jessica puxa as mangas de seu suéter caramelo até que cobrissem seus dedos e anda até o carro que a esperava em frente ao salão do N.A¹. Ela respira fundo, abre a porta e se senta no banco do passageiro. Por mais que ela odiasse aqueles reuniões e estivesse com muita raiva dos seus pais por obrigá-la a ir, ela sabia que era a errada ali, sabia que merecia o olhar de decepção que os dois lhe davam. Mas ela não podia negar que aquilo estava matando-a.
- Oi pai – ela cumprimenta o homem sentado no banco do motorista, recebendo um aceno de cabeça em troca. Seus métodos de resolver as coisas não estavam funcionando como ela achou que iriam. – Até quando você vai me tratar assim?
- Até eu entender porque você começou com isso de novo! – Erick não olhava para a filha, ele mantinha os olhos atentos na estrada. – Você sempre teve tudo o que quis, sua mãe e eu sempre te apoiamos em tudo! Eu até deixo você gastar metade do meu salário pra manter esse cabelo – Jessica precisa reprimir o impulso de revirar os olhos por essa última frase. Exagerado...
- Eu sei – ela aperta as mangas do agasalho em seus dedos, fitando sua calça jeans e rezando para que o caminho até sua casa não fosse preenchido por uma grande bronca.
- Eu só não consigo entender, não consigo. Será que você podia me explicar?
- Eu já disse. Não precisam me tratar como se eu fosse uma viciada ou algo assim. É só de vez em quando, só pra desestressar – a garota dá de ombros. Ela já havia perdido a conta de todas as vezes que ela tentou explicar isso e ninguém entendeu.
- Você só tem 17 anos, com o que pode estar estressada? – e essa era mais uma dessas vezes. Seu pai não queria uma resposta para aquela pergunta e Jessica sabia disso, então o caminho até a casa terminou assim: silencioso. Erick estaciona o carro e olha para a filha pela primeira vez.
- Eu vou voltar para o hospital agora. Sua mãe vai estar de volta em algumas horas. Se comporte.
- Sempre – ela esboça um sorrisinho só para descontrair, mas a sobrancelha arqueada de seu pai deixava claro que foi uma tentativa falha. A garota solta um suspiro pesado pelo nariz e abre a porta do carro, indo até a entrada da casa sob o olhar divertido de seu pai. Ele sabia que estava pegando pesado, mas ela era sua única filha e ele não deixaria que a garota se perdesse assim, mesmo que pra isso tivesse que reprimir a vontade de abraçá-la e disser que ficaria tudo bem para dar lugar ao comportamento frio que estava tendo.
Jessica passa pela porta da frente sabendo que teria que desistir da ideia de fazer aquela tatuagem que tanto queria por um tempo, pelo menos até o seu aniversário, qual infelizmente estava longe. Tudo o que ela podia fazer agora era tomar um banho e esperar sua mãe chegar – ter pais médicos às vezes era um saco. Marta estava fora da cidade e ter a casa só pra ela nunca foi tão tedioso. Pelo menos ela poderia tocar sua guitarra sem que ninguém a incomodasse.

#
Madison estava pirando.
Seu namorado e suas amigas estavam deixando-a sufocada com tantas perguntas e com aquela brilhando ideia de não deixá-la sozinha por um segundo sequer. A garota só podia tirar uma conclusão disso tudo: eles estavam desconfiados. Não: eles sabiam, mas queriam que ela confessasse. Coisa que ela não faria. Não mesmo! Isso só mostraria o quanto ela era fraca. Fraca o suficiente para estar chorando no meio da rua. Madison seca a lágrima solitária que escorreu de seus olhos e sobe os degraus da enorme e iluminada casa.
Só existia uma pessoa que sabia do segredo de Madison e só podia ter sido ela a contá-lo para Jeremy e as garotas. Madi aproxima-se da porta e toca a campainha. Atrás dela o sol se punha e estava realmente fazendo frio agora. Ela cruza os braços e se encolhe impaciente. Madison pensa em apertar a campainha mais uma vez, mas então a porta se abre, revelando uma garota de short de malha, blusa surrada e seu cabelo roxo preso num rabo de cavalo alto.
- Madison? – ela deita a cabeça pro lado, confusa.
- Posso entrar?
- Claro – Jessica guia a morena até a sala de estar, ainda achando essa situação toda um tanto quanto inusitada. Elas se sentam num dos sofás, uma do lado da outra e Madison dá uma rápida olhada no cômodo: os três sofás dispostos no meio da sala, a mesinha de centro com tampo de vidro, os enfeites, os quadros e percebe que sua mãe iria adorar aquele lugar, principalmente a parede de tijolinhos brancos atrás dela.
Jessica a olha em silêncio, esperando que ela começasse sua explicação do por que estava ali e notando isso Madison vai direto ao ponto. Quanto antes terminasse aquela conversa, melhor.
- Você contou pras meninas e pro Jeremy, não contou?
- Contei o quê? – confusa Jessica faz uma lista mental de coisas envolvendo Madison que ela podia saber e falar para alguém: não havia nada.
- Você disse a eles sobre... o meu pequeno problema com a comida?
A outra deixa um “ah!” de compreensão escapar e como um insight a conversa das duas no banheiro do Roundview volta a sua cabeça. A verdade é que ela se esquecera completamente daquilo, com tantos problemas a rondando, esse detalhe passou completamente despercebido. E pensando bem, ela foi meio negligente.
- Eu não contei, juro!
- Então como eles descobriram? Você era a única que sabia!
- Sozinhos talvez? Se eu, que nem converso direito com você, descobri, por que eles, que passam quase todos os dias com você, não descobririam?
- É tem razão. Talvez eu não tenha escondido muito bem. E o que eu faço agora?
Se alguém dissesse a Madison que algum dia ela estaria falando sobre seu maior segredo com Jessica, a garota não acreditaria. Mas ali estava ela: sentada no sofá dos Everdeen, pedindo um conselho para a garota de cabelo roxo e blusa personalizada dos Beatles.
- Sinceramente? Converse com eles. Eles vão te ajudar, tenho certeza.
- Ajudar? Com o quê?
- A parar! Madison, você não pode continuar fazendo essas coisas! Isso pode te fazer muito mal!
- Falou a garota que tem que frequentar toda semana as reuniões do N.A. depois que os pais encontraram droga no quarto dela!
Jessica olha para Madison como se um terceiro olho tivesse nascido em sua testa.
- Como você sabe disso?
- Todo mundo sabe, está no TheGossip. Apesar de não ser surpresa alguma. Isso já aconteceu antes, não aconteceu?
- Não precisa me lembrar que eu fui idiota o suficiente para cometer o mesmo erro duas vezes. Mas sério Madison, você precisa parar e seus amigos podem te ajudar. Pare antes que isso tome proporções maiores.
A mão de Madison vai automaticamente para a sua coxa direita. Proporções maiores. Os cortes se encaixavam nisso? Se sim, então já era tarde demais.

[...]

- Josh! – Logan exclama ao sentir uma mão em sua bunda enquanto dançava no ritmo da música, abraçado ao amigo. Joshua ri e tenta girar o outro, mas Miller o empurra, os dois caindo abraçados em cima do colchão.
- Sai de cima de mim seu veado! – Campbell empurra Logan para o lado, ainda rindo.
- Você que aperta a minha bunda e eu é que sou o veado? – os dois se sentam sobre a cama e Joshua passa um braço pelos os ombros do amigo, cantando o refrão da música enquanto olhava em seus olhos azuis.
- Baby, baby blue eyes, stay with me by my side, ‘til the morning through the night² – Logan ri e coloca as mãos nas bochechas do garoto, mas este vira a cara, soltando-se e encosta cabeça e costa na parede com o logo e um desenho dos Beatles atrás dele. – Ok, chega de boiolise, Alison está nos olhando como se quisesse nos internar.
- Expliquem-me de novo por que eu aceitei fazer esse trabalho com vocês dois? – Alison ajeita o gorro marrom na sua cabeça, sentada no sofá roxo e branco ao lado da cama de Logan, olhando-os como se eles fossem dois maníacos. Mas no fundo ela também tinha achado a cena de bromance dos dois bem engraçada.
- Porque a Jessica preferiu fazê-lo com o David e aquele nerd esquisito – Josh a responde, destacando o óbvio. – que provavelmente vai fazer o trabalho sozinho enquanto aqueles dois se comem em algum canto.
- Primeiro: não fale assim do Frank, isso é bullying e segundo: – Ali esboça um sorriso sombeteiro. – ciúme não cai bem em você.
- Isso não é ciúme, eu só estou narrando os fatos – Logan o abraça de lado, com o mesmo sorriso de Fitzgerald.
- Claro, Josh, claro – o garoto olha incrédulo para Miller.
- Mas de que lado você está afinal?
- É claro que é do seu, meu amor – Logan lhe dá um beijo na bochecha e se afasta rapidamente para se esquivar do tapa que Josh tenta lhe dar.
- Bicha – nota: Joshua não tem nada contra os homossexuais, ele só gosta de irritar o amigo o chamando assim.
- Será que vocês podiam guardar essas cenas indecentes para quando estiverem sozinhos? Tem uma moça pura e inocente no recinto agora – Logan vira a cabeça para os lados, olhando atentamente para os cantos do cômodo. – O que você está procurando?
- Essa moça pura e inocente de quem você falou.
- Filho da puta! – ela exclama depois de jogar a almofada preta em sua direção, cuja Logan pegou e colocou em seu colo antes que acertasse a sua cara.

#
Alison aperta a campainha sabendo perfeitamente que não deveria estar ali, que assim que saiu da casa de Logan devia ter ido direto para a sua.
Ela devia simplesmente dar meia volta, entrar em seu carro e ir embora. A loira estava nessa guerra mental de ir VS ficar quando a porta se abriu. Tarde demais, agora ela teria que encarar.
~*~
A garota fica na ponta dos pés em cima da cama para alcançar uma das caixas que estavam na prateleira suspensa na parede lilás. Ela a puxa pela tampa, o que faz com que a caixa caia aberta sobre a cama, espalhando ali todo o seu conteúdo. E de todos os objetos de dentro desta, o pior deles havia caído bem aos pés de Jessica, que senta sobre o cobertor preto e pega a fotografia com a mão direita, encarando-a por longos segundos. Nela, Jessica estava deitada de barriga pra cima na grama, com Joshua sobre ela, beijando a ponta de seu nariz.
Seus dedos vão automaticamente para o rosto do garoto da foto, como se acariciasse sua bochecha, mas assim que percebe a idiotice que estava fazendo, Jessica fecha os olhos com força, desejando que tivesse tido coragem de queimar todas as coisas dele quando tentou. Esbarrar com lembranças do Campbell pelo quarto não estava lhe fazendo bem.
A garota dá um pulo ao ouvir o som da campainha. Num movimento rápido, ela coloca a fotografia e os outros objetos que caíram ao seu redor dentro da caixa novamente, empurrando esta última para debaixo da cama. E enquanto descia as escadas Jess bate com a mão na testa. Ela se esquecera de pegar o que estava procurando dentro daquela caixa.
~*~
As duas continuam paradas ali, se olhando por alguns constrangedores segundos, até que Alison decide quebrar o silêncio:
- Posso falar com você? – ela passa o peso do corpo para a outra perna, sentindo-se desconfortável.
Jessica junta as sobrancelhas e por um momento Alison acha que a garota ia fechar a porta na sua cara, mas ela dá dois passos para trás e gesticula com a cabeça para a loira entrar.
Elas vão até a sala e Jessica se senta no braço de um dos sofás branco enquanto Ali fica de braços cruzados a sua frente, a alguns bons – e seguros – passos de distância.
- Fala logo o que você quer, eu estou ocupada.
- Essa atitude fria não combina com você.
- E lealdade não combina com você, não é? Eu ainda não consigo acreditar que você contou pra eles, mesmo depois de ter jurado várias vezes que não iria – Jessica falava rápido, olhando acusatoriamente para Alison, que a deixou continuar, afinal essa era a primeira vez que as duas “conversavam” desde que Jess descobrira tudo, há exatamente uma semana. – E ainda por cima mentiu pra mim! Querendo que eu acreditasse que isso tinha sido só mais um capricho daquela fofoqueira da... – Everdeen pára sua frase ali, olhando atentamente para a garota loira de braços cruzados a sua frente, que tinha as sobrancelhas arqueadas numa expressão de “até que enfim você entendeu”. Jessica solta um leve suspiro. Como ela foi tão idiota de não ter percebido isso antes? A garota joga o corpo para trás, caindo deitada de costas no sofá. – Foi ela, não foi? De alguma forma ela te convenceu a fazer isso. O que ela usou?
A loira senta na ponta do estofado, dividindo o espaço com as pernas da outra.
- Aquele vídeo. E ainda alegou que tinha outras “provas” que me incriminavam. Eu é que não ia contestar – Alison nunca esteve mais feliz por a amiga ser tão esperta e pegar as coisas rápido. – Quando ela descobrir que eu te contei, ela vai mostrar tudo aquilo pra diretora e eu vou me foder.
- Relaxa, ela não precisa saber.
- Mas ela sempre sabe. De tudo. E vai ficar meio óbvio quando ela nos ver juntas.
- E se ela não ver? Se ninguém ver? – Jessica questiona, com uma ideia se formando em sua cabeça. – Podemos fingir que eu ainda estou irritada com você. Ela não tem como saber que eu descobri tudo.
- Você acha?
- Claro – Jessica senta-se decentemente no sofá e passa o braço direito pelos ombros da loira, sorrindo amigável. – Todas aquelas aulas de interpretação têm que nos servir de alguma coisa, não é?
- Certo. E me desculpe por ter contado pros seus pais, sério.
Jess estala a língua, como se aquilo não tivesse importância.
- Tudo bem. Ser acusada de ter incendiado o teatro do colégio é muito mais grave.
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¹N.A.: sigla para Narcóticos Anônimos (só relembrando)
²A música que Josh cantou é Baby Blue Eyes da banda A Rocket To The Moon
Eu fui a única que lembrou da música What I Go To School For, do Busted, com o início do capítulo? Qualquer semelhança é pura coincidência.
Esse foi um especial Jessica e Alison (com participações de Madison (♥), Logan e Joshua, pra quem estava com saudades) e até que ficou bem grandinho.
Divulgação: Fast e Contrato de Risco, por Laarii

"And I fight my way to front of class to get the best view of her ass..."

domingo, 1 de dezembro de 2013

Doce Sacrifício - Capítulo 26 [Gone - Vanessa e Raphael]

You’ll never change what’s been and gone 
Musica tema: Stop crying your heart out  [Oasis]

Algo molhado passa pelo rosto de Vanessa, acordando-a. Ela faz uma careta e abre os olhos, encontrando um pequeno cachorro preto lambendo sua bochecha direita.
- Shadow! – Vanessa se senta e coloca o Pug no chão, que deita de barriga pra cima no tapete rosa no meio do quarto. Ela solta um suspiro cansado pela bagunça de lenços de papel e fotos picotadas espalhados pelo cômodo. Era melhor juntar tudo aquilo antes que alguém visse.
Depois de dar uma geral no quarto e nela mesma, Vanessa olha para o seu reflexo no espelho redondo da parede branca. Seus olhos estavam inchados (resultado de todo o choro do dia/noite anterior), aquele uniforme incomodava-a e a tinta preta em seus cabelos, de repente, não lhe agradava mais.
Uma batida na porta é ouvida e Vanessa grita um “pode entrar”, observando Shadow rolar feliz pelo tapete.
- Não vai descer? Vamos nos atrasar – Ashley diz num tom mais calmo que o usual, enquanto a outra media sua roupa: o uniforme azul e branco, meia 7/8 preta e uma bota de salto da mesma cor. Ela olha para o seu reflexo mais uma vez: a única coisa de diferente era a meia-calça que usava por baixo da mesma meia que a irmã. Assim ficava difícil fugir do fato que tinha uma irmã gêmea.
- Já estou indo – a morena coloca sua bolsa no ombro, o cachorro no colo e segue Ashley até a sala, passando pelo vão da porta no momento em que ouve seu celular apitar dentro da bolsa.
Precisamos conversar. Por favor.
- É ele? – Vanessa balança a cabeça em afirmação à pergunta da irmã. Ashley tira o celular de sua mão e o desliga, jogando-o de qualquer jeito no sofá.
- Eu o ignorei o dia todo ontem, talvez...
- Não Vanessa! – Ashley corta sua frase ali, ficando de frente para a irmã, com os braços cruzados, encarando-a séria. – Você é boazinha demais, por isso ele fez o que fez.
- Com a sua melhor amiga ainda por cima – ela devolve num tom seco. Não queria parecer grossa, mas aquela conversa já a estava irritando.
- Ex melhor amiga. Agora larga esse cachorro e vamos pro colégio, não quero chegar atrasada e ter que encarar a cara cheia de rugas da Sra. Hastings hoje.
Vanessa deixa o Pug preto em cima do mesmo sofá em que estava seu celular. Ela joga o aparelho dentro da bolsa e segue a irmã porta afora, xingando-se mentalmente por não ter inventado uma dor de barriga ou qualquer outra coisa para ficar em casa. Não adiantaria, de qualquer forma. Ashley perceberia que era uma desculpa para ficar embaixo das cobertas curtindo uma fossa e aí sim que ela a obrigaria a ir. Por que era tão difícil para Ashley entender que a irmã não era tão forte quanto ela?

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Ele olha mais uma vez para as portas de vidro do hospital que se abriam e mais uma vez não era a pessoa que Raphael estava esperando. O garoto encosta-se na parede gelada atrás dele, impaciente. Ela não podia fugir pra sempre.
E agora ela não iria nem se quisesse.
Vanessa passa pelas portas duplas automáticas do hospital, desejando desesperadamente uma poção de invisibilidade, ou que tivesse tido tempo de dar meia volta e se esconder dentro do prédio novamente antes que aqueles olhos a encontrassem.
Ela se empenhou tanto em fugir daquele garoto no colégio (e ligações, mensagens, avisos por intermediários...), mas pelo visto suas intenções de escapar do inevitável terminavam ali.
Os dois andam lentamente um na direção do outro, como se ambos soubessem o viria a seguir e quisessem adiar o momento o máximo que conseguissem.
- Eu posso explicar tudo – Raphael começa assim que chegam perto o suficiente.
- Eu não quero que você me explique nada, só me responda há quanto tempo – Vanessa cruza os braços sobre o peito, parte por desconforto, parte para se proteger do vento gelado que os rondava.
O garoto pisca duas vezes, não entendo o que ela quis dizer.
- Há quanto tempo o quê?
- Que você está me traindo com a Michelle – a garota devolve, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo e ele fosse lento demais pra sacar. Aquela frase (ou seria acusação?) deixou Raphael ainda mais impaciente. Todos estavam fazendo uma ideia muito errada do que estava acontecendo ali e, infelizmente, Vanessa era perita quando o assunto era “seguir as massas”.
- É isso o que eu estou tentando te dizer: eu não estou te traindo com ela, ou com nenhuma outra garota! – ele gesticula com as mãos, elevando um pouco o tom de voz, o que faz com que algumas pessoas que passavam pelo local dirigissem seu olhar a eles. Vanessa olha para trás, para a fachada do hospital, claramente consciente de que estavam fazendo uma cena e que seria bem ruim se algum conhecido visse aquilo. Então ela puxa Raphael pelo braço para o ponto mais distante do fluxo de pessoas, parando ao lado do chafariz recém-construído.
- Então por que você a beijou?
- Eu... – “não sei”. Ele já havia se feito essa pergunta, mas nunca chegou a conclusão alguma. Por que ele fizera aquilo afinal?
Ele talvez não soubesse a resposta, mas Vanessa tinha uma leve noção:
- Você pode não estar me traindo fisicamente, mas aqui – ela aponta o dedo indicar na testa do garoto. – você está. E isso não é justo com nenhum de nós.
Raphael meneia a cabeça freneticamente em negação. Ele não pensava em Michelle. Não tanto assim.
- Mas foi só um beijo!
- Dois, Raphael, que eu saiba!
- Não tiveram outros, eu juro!
- Um, dois, vinte. Não importa! Isso não muda o fato de que você a beijou. E se você a beijou é porque você gosta dela. E se você gosta dela, deveria estar com ela e não comigo.
- Vanessa... – o que ela queria dizer com isso? Mais uma vez ele foi lento o suficiente para não perceber o óbvio:
- Acabou Raphael – simples, rápido e direto assim. O garoto precisou de alguns segundos para processar a informação e quando o fez pensou em contestar, mas já era tarde demais: Vanessa já estava longe. E ele ficou parado ali, observando-a descer a rua em passos apresados, sem olhar para trás uma única vez.
A garota permite que uma lágrima caia quando vira a esquina, o que foi uma grande erro, pois outras começam a escorrer por seu rosto sem parar e ela se vê obrigada a sentar num dos bancos de madeira dispostos em frente ao restaurante ainda fechado pelo qual passava, secando-as da forma mais discreta que conseguia, antes que virassem soluços incontroláveis.

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Bruce balançava o rabo preto e branco alegremente, deitado no tapete vermelho. Porém, ao contrário do cachorro, seu dono parecia com raiva e tentava extravasá-la no saco de pancadas pendurado num canto de seu quarto.
Raphael estava consciente de seus dedos ardendo por dentro das luvas, mas ele não se importava, pelo contrário: quanto mais suas mãos reclamavam, mais socos ele distribuía. Ele só queria que fosse possível poder nocautear a si mesmo.
- A cabeça de quem você está imaginando aí? – seu pai, Jensen, encosta-se no batente da porta, observando o filho descontar toda a sua raiva no objeto vermelho, que ia e voltava contra Raphael, que não o permitia parar.
- A minha.
- E por que tanta raiva de si mesmo? – o mais velho agora tinha os braços cruzados sobre o peito e o cenho franzido, pronto para ouvir sobre a mais nova encrenca em que o garoto se metera.
- Porque eu sou um idiota – ele dá um soco ainda mais forte no saco de pancadas. – Um imbecil – mais um soco. – Um filho da puta egoísta – e outro soco que faz suas mãos arderem ainda mais.
- E se continuar com isso, você vai ser um idiota, imbecil e filho da puta sem dedos – Jensen segura o objeto e faz um gesto para o garoto parar. – Uísque também ajuda. Só não deixe sua mãe saber que eu estou te incentivando a beber.
Raphael tira as luvas, jogando-as de qualquer jeito no chão e, como era de se esperar, seus dedos estavam sangrando.
Bruce deita-se preguiçosamente entre a porta e o corredor, tapando a passagem com seu corpo. Jensen olha para o Border Collie com uma expressão séria, porém o divertimento estava explícito em seus olhos.
- Esse cachorro está com cara de quem aprontou. Onde está o Simon? – ele pergunta ao filho, que revira os olhos, passando por cima do cão, já que este não parecia que iria sair dali tão cedo. Raphael não responde a pergunta, seu pai sempre insinuava que Bruce iria engolir o pobre gato a qualquer momento, o rapaz por sua vez achava que era bem ao contrário: Simon era um siamês com tendências homicidas e Raphael ainda tinha a cicatriz na barriga para provar isso.
Ele segue o pai em silêncio até a sala de estar, onde se acomoda na poltrona marrom em frente ao bar, de onde Jensen serve dois copos do seu uísque preferido e entrega um deles ao filho logo em seguida.
- O que aconteceu?
- Vanessa e eu terminamos – ele responde entre um gole e outro, sem dirigir o olhar para o homem sentado no sofá ao seu lado.
- Por quê?
Contar ou não contar?
- Porque eu beijei a Michelle – o estrago já estava feito mesmo, pra que esconder?
- Michelle... Blackwell? – o garoto afirma com a cabeça, olhando para o copo agora vazio em sua mão. Puta que pariu. Jensen olha para frente, com o cenho franzido, tentando digerir aquela informação. – Você ficou com uma Blackwell mesmo depois de tudo o que aconteceu com a mãe delas? – por falta de argumentos, o rapaz só confirma com a cabeça mais uma vez e de novo tudo o que se passava na mente do Sr. Duncan era: puta que pariu. Se Mario descobre que a filha se envolveu com o garoto responsável pela morte de sua esposa, o próximo a parar num caixão seria Raphael.

sábado, 23 de novembro de 2013

Doce Sacrifício - Capítulo 25 [Hell and back - Michelle II]

"I went to hell and back just to be where I am today"
Musica tema: Hell and Back [Tonight Alive]

Um alarme começa a soar no fundo da mente de Michelle, trazendo-a para a consciência aos poucos. E conforme ela ia acordando, o barulho ficava cada vez mais alto, até ela perceber que era o despertador de seu celular que estava apitando.
Ainda de olhos fechados, ela tateia com a mão pela cama até encontrar o criado-mudo e em cima desse o aparelho que a tirou de seu merecido descanso.
Michelle abre um olho lentamente, notando que ainda estava um pouco escuro ali. Ela vira para o outro lado, agora com os dois olhos bem abertos e percebe que aquela não era a sua cama. Sentindo uma dor de cabeça terrível, a loira percebe também que assim como aquele cobertor, a camiseta que usava não lhe pertencia.
Com espanto, e certo esforço, ela levanta-se da cama, se apoiando no acento de cor creme em frente ao pequeno balcão marfim com um enorme espelho pendurado na parede. Michelle encara seu reflexo: o cabelo curto todo bagunçado, os olhos confusos e a cara amassada de sono; mas o pior mesmo era aquela camisa cinza gigante que ela estava usando. De quem era aquilo? Onde ela estava? O que aconteceu na noite passada?
Sua cabeça começa a girar e ela precisa se sentar na cadeira ao seu lado para não cair. Flashes dos acontecimentos da noite anterior lhe atingindo tudo de uma vez: E-Zine. Harry. Drogas. Raphael. Beijo. E... água?
Uma batida na porta tira Michelle de suas lembranças confusas e assim que ela abre a porta e encontra um garoto de calça de moletom cinza e regata branca parado na sua frente, a menina quase tem um colapso.
- Bom dia – Raphael diz sorridente, ele nota a confusão nos olhos da garota, mas decide ignorar. Ela estava em seu direito.
- Bom... dia. Onde... onde eu estou?
Raphael não conseguiu evitar soltar uma leve risada antes de responder:
- Na minha casa. Mais especificamente num dos quartos de hóspedes.
Quarto de hóspedes. Graças a Deus! Isso significa que ela não dormira com ele. Michelle podia beijá-lo agora mesmo de tão feliz que ficou.
- Eu trouxe isso pra você – ele mostra o vestido florido e o cardigan marrom em suas mãos, indo até a cama e estendendo as duas peças de roupa ali. – São da minha mãe. Você pode usá-las enquanto as suas estão secando.
E então Michelle percebe que estava só de camiseta e calcinha na frente dele e cora violentamente.
- Secando? O que aconteceu com elas?
- Bem, você meio que acabou com uma garrafa inteira de uísque do meu pai e a junção com seja lá o que for que você tinha tomado antes não resultou num efeito muito bom. Num dado momento você resolveu se jogar na minha piscina com roupa e tudo. E depois você vomitou em cima delas.
Michelle esconde o rosto entre as mãos, querendo se enfiar debaixo das cobertas e não sair de lá nunca mais de tanta vergonha que sentia. Como ela fora capaz de fazer uma coisa dessas?!
- Vou te esperar na cozinha – Raphael sai do quarto, fechando a porta do mesmo.

~”~
- Eu disse que ia servir.
 É a primeira coisa que Michelle ouve ao chegar à cozinha. Ela olha para a dona daquela fala, encontrando uma mulher nos seus quarenta anos, cabelos pretos presos num coque no alto da cabeça e um avental branco por cima do vestido cinza.
- Michelle, Anna. Anna, Michelle – Raphael as apresentam rapidamente, apontando de uma para a outra.
- Olá – Michie a cumprimenta, recebendo um sorriso caloroso e um aceno de cabeça em troca.
- Café? – o garoto aponta para a mesa posta a sua frente. Toda aquela comida faz o estômago de Michelle roncar.
Acanhada, a garota senta numa das cadeiras e pega o sanduíche do prato a sua frente. Ela dá uma mordida generosa antes de perguntar:
- Onde estão os seus pais?
- Foram para um casamento em Boston. Só voltam... – Raphael pára pra pensar a respeito. Quando mesmo que eles iam voltar?
- Amanhã – Anna completa, colocando uma jarra de suco em cima da mesa.
- Amanhã – Rapha sorri, como se tivesse sido ele a se lembrar disso ao invés da empregada. – E sem querer apresar, mas você precisa comer logo se quiser passar na sua casa pra pegar seu uniforme.
Uniforme? Ah, claro: aula.
- Sem chance que eu vou pro colégio hoje. Minha cabeça está explodindo!
Raphael pega uma cartela de remédios ao lado de seu prato e a estende pra Michelle.
- Imaginei que isso ia acontecer – ele explica, dando de ombros.
A loira pega um dos comprimidos, tomando junto com um pouco de água, sentindo-se estranhamente desconfortável com o olhar do garoto sobre ela. Por que ele tinha que ser tão legal? Por que ele tinha que ter olhos tão lindos? E o mais importante: por que ele tinha que ter uma namorada? Por quê?
- Você pode voltar lá pra cima e dormir mais um pouco se quiser.
- Mas e você?
- Vou subornar a Anna pra não contar aos meus pais sobre eu não ter ido pro colégio hoje.

~”~
Um vento gelado passa por Michelle quando esta sai do carro, obrigando-a a apertar ainda mais sua jaqueta em volta do corpo. Aquele ia ser um longo inverno.
Michelle sobe os degraus que levavam até a porta de entrada da maneira mais lenta que sua paciência permitia. Ela nunca pensara que voltar pra casa podia ser tão desalentador.
Tudo o que ela queria agora era um bom banho e uma maratona da sua série preferida. Talvez ela ligasse para Nicole e Cassie mais tarde, programando algo para fazer no dia seguinte. Aquele sentimento de solidão devia ser resultado do seu momento de ócio.
- Onde você estava? – a voz de sua irmã caçula pega a garota de surpresa. Ela pensa em simplesmente ignorá-la e subir os degraus da escada ao seu lado, mas a menor continua: – Deixe-me adivinhar: com Raphael.
Michelle então olha diretamente para a menor pela primeira vez: a loira estava sentada numa das poltronas de cor creme, com seu notebook no colo e sorria para a irmã de forma convencida. Michelle conhecia aquele sorriso. E nada de bom vinha dele.
- Como você sabe?
- Todo mundo já sabe – Dakota tira o computador do colo e o coloca em cima da mesinha de centro, com a tela virada para a mais velha, que rapidamente atravessa a sala e também senta em uma das poltronas, fitando atônita o que sua irmã queria lhe mostrar: o TheGossip, é claro. Aquele site estava sempre ligado com tudo de ruim que acontecia ultimamente. E aquilo era muito ruim: três fotos com data e hora (e uma legenda que Michelle preferiu ignorar) mostravam a sequência dos fatos da noite passada: Michelle e Raphael abraçados no estacionamento do E-Zine; os dois se beijando no seu carro (era em horas como essa que Michelle se arrependia por ainda não ter trocado o insufilm dos vidros por um mais escuro) e então eles adentrando a residência dos Duncan. Não é preciso pensar muito para saber o que qualquer um concluiria disso. E o pior de tudo era que no final da notícia tinha uma foto dos dois se beijando naquela festa de meses atrás. Seja lá quem for que tirou essas fotos só estava esperando algo como a noite passada para soltar essa ultima imagem e deixar subentendido que os dois já estavam juntos há muito tempo. Com certeza era o que todo mundo pensava agora.
- Vocês foram a notícia número um no Roundview hoje. Eu não sei se os dois não terem ido pro colégio foi melhor ou pior, mas de qualquer forma: – Dakota levanta-se e fecha o notebook, colocando-o embaixo do braço e aproxima-se da irmã, falando num tom de voz mais baixo: – Meus parabéns maninha. Eu realmente duvidava que você fosse fazer isso – então ela dá de ombros, com um sorriso sínico nos lábios. – Pelo visto eu me enganei.
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Minusculo define. Esse era só o final do cap. passado, não deu pra deixar naquele se não iria ficar muito enorme. Pretendo postar o próximo em no máximo uma semana, vamos ver se eu consigo (fingers crossed).
Also: comprei "McFLY Unsaid Things" e é a coisa mais legal que já li, sério. Se eu não tivesse essa pseudo-regra de demorar mais de cinco dias para ler um livro, eu o teria terminado em dois, mas sou ótima enrolando então...
Well, this is it. ~Chu.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Doce Sacrifício - Capítulo 24 [Just Friends - Michelle I]

"So much for keeping this, just friends, shut up and kiss me now"
Musica tema: For Baltimore [All Time Low] ♥

O sol estava se pondo quando Michelle chegou ao túmulo da mãe. As lágrimas que ela segurava desde a hora que saíra de casa caíram de uma vez só. Ela não podia acreditar na merda que se transformara a sua vida. A sua família.
O fino relógio de ouro que Michelle usava no pulso esquerdo marcava 12:33 quando ela desistiu de esperar e pediu para sua empregada de meia-idade, Lauren, pôr a mesa do almoço. Michelle já estava se acostumando a comer sozinha quando estava em casa, mas aquilo ainda a aborrecia. Toda aquela solidão lhe tirava o apetite e logo ela já estava se retirando da mesa.
Michelle voltou pra sala a tempo de ver sua irmã mais nova adentrar a casa e teve que reprimir um grito de espanto. Ela não sabia o que era pior: a meia-calça preta cheia de rasgos, o short de couro minúsculo, a maquiagem pesada e toda borrada ou o cabelo loira que mais parecia um ninho de ratos.
- Mas o que foi que aconteceu com você?
Dakota esboça um sorrisinho, divertindo-se com o horror da irmã.
- Noite agitada. O coroa já chegou?
- Não. Acho que nem dormiu em casa.
- Provavelmente passou a noite num motel com alguma puta de luxo.
- Dakota!
- Estou mentindo por acaso? – ela retira seu par de coturnos dos pés e os joga num canto qualquer. – Agora se me der licença, estou morrendo de fome – a mais nova passa pela irmã, dirigindo-se até a sala de jantar, onde a mesa do almoço ainda estava arrumada.
Michelle passa a mão pelos cabelos e meneia a cabeça para os lados. Onde estava sua irmã doce e ingênua, viciada em cor-de-rosa? Porque aquele projeto de delinquente gótica não era a Dakota que ela conhecia.
Com uma mala em mãos, Lauren desce as escadas apressadamente, parando no primeiro degrau para tomar fôlego.
- Pra que a mala, Lauren?
- É pro seu pai. Ele pediu pra Paul levá-la até o aeroporto, onde ele já deve estar esperando impaciente.
- Aeroporto? Ele vai viajar?
- Por três semanas.
- Mas ele não me disse nada – Michelle diz em desalento. Na verdade ele não falava nada sobre muitas coisas. Ela nem conseguia se lembrar a última vez que os dois tiveram uma conversa decente.
Lauren a olha por um instante. Ela cuidava de Michelle desde pequena e odiava vê-la triste, mas não havia muito que ela podia fazer. Depois da morte de sua esposa, Mario nunca mais foi o mesmo. Nem a pequena Dakota, que começara a se rebelar.
- Vou pedir a Paul pra levar a mala pro carro, com licença.
Lauren passa pela porta, deixando uma Michelle estática no meio da enorme sala, encarando a mala de seu pai, sentindo-se sufocada.
As lágrimas não cessaram desde que Michelle chegara ao cemitério. Quanto mais ela olhava para as letras na lápide, pior ela ficava. Ela sentia tanto a falta da mãe.
A loira levanta num pulo, decidida a se esquecer da porcaria de família que sua mãe deixara pra trás.

~”~
O Sr. e a Sra. Everdeen estavam em sua sala, sentados confortavelmente no estofado de cor creme, conversando animadamente com Linda e seu marido Billy, enquanto esperavam Marta terminar o jantar.
No andar de cima, Jessica e David matavam tempo, longe da conversa chata dos adultos. A garota não parecia de bom humor, reorganizando seus enfeites e caixas nas prateleiras, enquanto David olhava sua coleção de CD’s, fingindo não prestar atenção na hiperatividade da outra, afinal ele sabia muito bem o porquê daquele comportamento e talvez ele não devesse tocar no assunto, mas os pais dela estavam lá embaixo, juntamente com sua mãe, qualquer coisa era só gritar por socorro.
- Você falou com Alison depois de sexta? – ele pergunta assim que Jessica senta ao seu lado no tapete verde felpudo.
- Não – ela responde vagamente, passando os olhos pelos títulos dos livros postos na estante ao seu lado.
- E quando pretende ouvi-la?
Jessica suspira. De todos os assuntos que David podia começar, esse era o pior. Ela não queria brigar com ele, não hoje.
- Não tão cedo.
- Deixe a garota se explicar, Everdeen.
- Isso não tem explicação, Dave! Ela contou, fim da história – ela sabia que estava exagerando um pouco, mas é que ela não conseguia entender. Alison nunca se incomodou com isso, às vezes ela até acompanhava a amiga. Alison dissera várias vezes que não se intrometeria enquanto Jessica não passasse dos limites e ela estava longe disso. Então por que ela contou?
- Pois eu ainda acho que você deveria agradecê-la, aquilo ainda ia acabar com você – David a tira de seus pensamentos, repetindo o que ele sempre dizia em relação a isso.
- Não começa, por favor – Jessica revira os olhos e deita em seu tapete, com os joelhos dobrados, que logo viram suporte para o braço direito de David; outro folgado.
- Porta! – a voz de Erick é ouvida do corredor. Jessica levanta-se e abre a porta de seu quarto, voltando a se sentar ao lado de David logo em seguida.
O garoto a olho com o cenho franzido, claramente confuso.
- Ele só está puto comigo – ela revira os olhos mais uma vez, para mostrar como a atitude do pai era desnecessária. – Nada que uma madrugada jogando Battlefield com ele não resolva – Jess esboça um sorriso divertido, sendo acompanhada pelo garoto.
- Vocês têm uma maneira bem peculiar de resolverem as coisas – ele observa, passando a mão pelos cabelos da garota, após ela deitar-se em seu colo.

~”~
Michelle desce de seu carro, trancando-o e guarda a chave no bolso de sua jaqueta preta. Ela passa pelos carros, procurando por um em específico e tem um momento de alívio ao notar que ele não estava ali.
Ir ao E-Zine a procura de Harry era realmente uma ideia muito estúpida, que ia contra tudo o que ela dissera a sua irmã: sobre ser mais responsável e pensar nas consequências. Mas ela realmente não estava dando a mínima para isso no momento.
Ela só precisava não encontrar com nenhum outro conhecido, mas como Murphy nunca foi muito com a sua cara, toda a alegria que a garota sentiu no estacionamento evaporou ao olhar para a quadra de basquete mais a sua frente: Raphael estava ali, jogando com outros garotos.
Michelle dá meia volta, levando seus saltos caros para a direção contrária. Aquele lugar era enorme, pode ser que eles não se encontrem de novo. A loira realmente contava com isso.
Um vento gelado passa por ela e Michie agradece mentalmente pela jaqueta preta e a blusa xadrez vermelha que colocara por cima da regada branca antes de sair de casa. Casa: o lugar para o qual ela não pretendia voltar essa noite.
Escorado na parede do galpão que dava acesso a piscina, Harry observava o fluxo de pessoas entre uma tragada e outra de seu cigarro.
- Harry! – ele olha na direção que viera a voz, encontrando uma Michelle andando apressada até ele. O garoto desencosta-se dali, indo até a loira, parando a poucos centímetros dela.
- Procurando por sua irmã? – ele questiona, ajeitando o gorro em sua cabeça com a mão livre. – Eu não a vi hoje.
- Não – Michie passa os olhos ao seu redor, procurando um ponto para fixá-los, qualquer um. Por algum motivo ela não conseguia fitar aquelas íris negras. – Eu vim te procurar, mas não é pela Dakota.

#
Raphael fecha o zíper de sua jaqueta e guarda seu celular num dos bolsos da mesma. Ele e Logan andavam pelo estacionamento do E-Zine, ambos rindo sobre algo que Miller acabara de contar.
Não tão distante dali, Harry abre a porta do carro de Michelle para que essa pudesse sair, mas antes de fazê-lo, ela pega o gorro do garoto que estava jogado no banco do motorista e o coloca em sua cabeça. Ele sorri e levanta-se do banco, saindo atrás da garota, que se apóia num dos veículos a sua frente, pois ainda estava tonta.
- Tudo bem Michie, pode me devolvê-lo agora.
- Então vem buscar – Michelle dá alguns passos para longe dele, andando de costas, até que acaba batendo em alguma coisa. – Opa! – ela começa a rir, mas pára assim que se vira e vê no quê, ou melhor: em quem ela havia esbarrado.
Raphael fita os olhos castanhos dilatados da loira a sua frente e então por cima de seu ombro, vendo que Jones vinha em sua direção. Ele fica confuso com a cena. O que os dois estavam fazendo ali? A camiseta de Harry colocada do avesso lhe deu uma noção e Raphael não gostou nada da descoberta.
- Uma não era o suficiente? Tinha que arrastar as duas irmãs com você?
- Não começa Duncan, não começa – Harry revira os olhos e tira seu gorro da cabeça da garota, colocando-o de volta na sua própria.
O ato faz com que alguns fios do cabelo de Michelle ficassem bagunçados e Raphael precisa reprimir sua vontade de arrumá-los. Eles pareciam tão macios. O garoto balança a cabeça para se livrar daqueles pensamentos gays.
- Me abraça? Estou com frio – Michelle passa seus braços em volta da cintura de Raphael, que olha furioso para Harry.
- E depois você quer que eu não diga nada!
- Eu disse pra ela ir com calma, não tenho culpa se ela não me ouviu – Harry dá de ombros e esboça um sorrisinho, só para provocá-lo.
- Você é um imbecil, sabia? – Raphael dá um passo em sua direção, com ainda mais raiva.
- Opa! Calma aí – Logan, que até agora só observava a conversa, decide intervir antes que seja tarde. Ele coloca uma mão no ombro de Raphael e olha para Harry. – É melhor você ir agora se quiser chegar inteiro em casa.
Ouvindo isso, Michelle vai até o garoto, segurando-lhe a mão e lhe dá um beijo na bochecha.
- Tchau Harry. Dirija com cuidado. E não se esqueça: as árvores têm preferência na hora de atravessar a rua.
Ele e Logan riem pela última fala da garota e Harry passa a mão por seus cabelos, bagunçando ainda mais os fios.
- É um amor de garota.
- Vaza Jones! – ele dá uma piscadela na direção de Michie antes de fazer o que Raphael disse.
- Confessa que assim ela fica muito mais legal – brinca Logan, observando a garota virar a cabeça para olhar as estrelas de tal forma que ele e Raphael acharam que ela ia acabar caindo pra trás. – Ela não vai conseguir chegar em casa sozinha desse jeito, acho melhor eu levá-la.
- Não precisa, eu faço isso.
- Tem certeza? – Raphael só balança a cabeça afirmando e Logan dá de ombros. – Tudo bem então. Tchau Michie.
- Tchau Logan – ela sorri pra ele e dá um tchauzinho com a mão. – Minha amiga gosta muito de você. Dê um abraço na sua mãe por mim.
- Certo – o garoto precisa segurar o riso pra garota que agora mantinha os braços esticados na horizontal, girando sem sair do lugar, ainda olhando para o céu. – Boa sorte aí cara – ele dá dois tapinhas nas costas de Raphael antes de deixar os dois sozinhos ali.
- Tudo bem Michelle. Hora de ir pra casa – Rapha segura seu braço esquerdo, fazendo-a parar de girar e se apoiar nele, ainda mais tonta do que estava antes. Ele a leva até o seu carro, abrindo a porta do passageiro para ela entrar, depois dá a volta no veículo e senta no banco do motorista, estendendo a mão direita na direção da garota. – Cadê a chave? – ela coloca a mão no bolso da jaqueta, tirando sua chave com um chaveiro do Finn* dali de dentro e a depositando na mão do garoto.
Durante o percurso nenhum dos dois falam mais nada. E em meio ao silêncio, enquanto olhava pela janela, Michelle ia aos poucos retomando sua lucidez. Mas ela só percebeu o caminho que fizeram quando o carro parou numa rua que não era a sua.
- Pensei que você ia me levar pra casa.
- Sim, pra minha casa. Ou você quer que a Dakota te veja desse jeito? – ele olha diretamente para ela, com uma sobrancelha arqueada e Michelle dá de ombros, olhando para algum ponto fixo a sua frente.
- Aposto que ela nem ia notar. Ninguém liga pra mim naquela casa.
- Isso não é verdade. Tenho certeza que seu pai liga.
A loira solta uma gargalhada por aquela ideia absurda e só pára ao notar o semblante sério do garoto ao seu lado.
- Oh, você estava falando sério. Mas relaxa aí porque ninguém se importa comigo.
Raphael se ajeita no banco, virando o corpo de frente para ela.
- Eu me importo.
- Mesmo?
- Mesmo – ele chega mais perto e ela inconscientemente faz o mesmo.
- Bastante?
- Bastante.
Michelle fecha os olhos, nem um pouco convencida.
- Mentiroso – e então ela os abre, surpresa ao sentir os lábios do garoto contra os seus.
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*Finn: Personagem de "Adventure Time".
Heeeeey people! Voltei! Sentiram saudades? (não.) Sim, estou mais feliz que o "normal". Motivo? Baby Fletcher! Tá, eu sei, faz algum tempo que eles anunciaram, but still. Acho que vou comemorar até a páscoa (credo! até parece que o bebê é seu!) enfim...
Sobre o capítulo: me deu a louca e resolvi fazer como em "Skins" e colocar uma personagem de principal em cada capítulo. Até quando vai durar? Não faço a menor ideia, mas espero que apoiem a mudança e mesmo que não: VOCÊS NÃO TEM ESCOLHA, visto que o esquema já está todo montado na minha cabeça. Então se não gostou: Fuck off and die! u_u [brincadeirinha!]
Ah sim, já ia esquecendo: esse cap. é dedicado a linda da Luh por ter sido a única a comentar nos dois últimos capítulos ♥♥ [indireta, a gente se liga em você]
~Chu.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Doce Sacrifício - Capítulo 23 [On the other side]

Musica tema: No Such Thing [John Mayer]

Juro solenemente que não farei nada de bom

Um ano atrás.
– História narrada por Brenda Hitachiin –

Os quatro me ouviam atentamente. Estávamos em mais uma de nossas “reuniões” e eu ditava as regras mais uma vez. Afinal um pouco de chantagem nunca fez mal a ninguém.
- E é bom que não contem isso a ninguém ou eu conto não só os seus segredos, mas os de suas famílias também! O que pode ser um pouco perigoso, não é Matthew?
- Você não se atreveria! – ele diz firme, me desafiando, mas eu podia ver o medo em seus olhos. Ele não sabia até aonde eu poderia ir e para ser sincera nem eu mesma sabia.
- Não? Eu conheço cada podre seu. Cada família que a sua própria destruiu.
- Isso é muito sério. Você não deveria brincar com essas coisas.
- Eu não estou brincando, Everdeen! – me recosto em minha cadeira e olho para os quatro ali reunidos comigo. Além de Matthew e Jessica, Alison e Emily também estavam presentes. – Eu sei a seriedade da situação, mas o que fazemos é tão grave quanto. Por isso eu preciso ter certeza que vocês nunca contarão a alguém.
Veja, eu não sabia que a boca grande daqueles quatro era o menor dos meus problemas. O meu verdadeiro fim estava acima disso.
#

Eu costumava estar bêbado de amor, mas agora eu estou de ressaca.

O Joey’s estava agitado, Matthew tinha a impressão de que todos os adolescentes de Los Angeles estavam ali. Compreensível, já que aquele era um dos poucos lugares que vendiam bebidas alcoólicas para menores de idade livremente. Ao que parece, o dono não temia o risco.
Sentada num dos bancos a frente do balcão, Emily afogava seus problemas num copo de tequila. Ao vê-la, Matthew não pensa duas vezes antes de sentar-se ao seu lado.
- Companhia?
- Não, valeu. Hoje eu estou com o Sr. Tequila – Pieterse ergue seu copo, esboçando um sorriso bêbado e desanimado.
- Ele não parece estar te tratando muito bem.
- Então ele e o resto do mundo têm muito em comum.
- O que aconteceu?
Emi toma mais um – grande – gole antes de responder:
- Meus pais me odeiam, eu briguei com a Ashley e acabei falando alguma coisa estúpida e agora a Vanessa está brava comigo. E ainda tem o Taylor...
Fitch revira os olhos, mas você pode simplesmente dizer que ele estava com ciúmes.
- Eu sabia! Tudo se resume ao idiota do Taylor!
- Você não ouviu o “meus pais me odeiam” e “Vanessa está brava comigo” não?
- Mas esse não é o melhor jeito de resolver – ele aponta com a cabeça para o copo de vidro que a garota segurava.
- Por quê? Não é isso o que você faz? Beber até afogar o rim e dormir com todas as garotas que você conhece?
- Mas esse não é o seu caso, é?
Ela olha para baixo, pensativa.
- Eu acho que não...
E é assim que se descobre que o garoto está apaixonado: quando ele tem a chance de comer a garota, mas deixa passar, esperando tolamente pela oportunidade quando ela estiver sóbria.

[...]

Depois de algum esforço, Matthew finalmente consegue fazer com que Emily dormisse. Ela conseguia ser ainda mais teimosa quando estava bêbada. E eu sei muito bem do que estou falando.
Matty ouve um celular tocar dentro da bolsa da garota e ao constatar que era Vanessa quem ligava, achou melhor atender:
- Alô?
- Quem ‘ta falando?
- Hei Vanny. É o Matt.
- Cadê a Emily? – a garota pergunta num tom acusatório. Bem, eu não a culpo.
- Dormindo, como um anjo. Ah é! Obrigado Vanessa, por sua causa agora eu vou ter que dormir no sofá.
A revirada de olhos que a garota deu a seguir até Matthew conseguiu prever.
- Ela ‘ta bem?
- Claro! Ela está comigo, esqueceu?
- ‘Tá bom gênio, e o que eu falo pros meus pais agora?
- Isso já é com você. Tchau, tchau Vanny – ele desliga o celular, só para irritá-la. Ter deixado a outra se virar sozinha numa hora dessas é um ótimo exemplo do por que de que você não deve confiar em Matthew Fitch.
Vanessa joga seu celular na cama, desejando que o aparelho fosse a cabeça de Matty e que ela pudesse tacá-la na parede.
- Matthew seu irresponsável! Mas a culpa é sua Vanessa. Não deveria ter deixado a Emily sair daquele jeito! – ela senta-se em sua cama, exasperada e olha ao redor. – Ótimo! Agora eu estou falando sozinha!

[...]

Crianças aprendam uma coisa com a tia Brenda: exagerar na bebida nunca faz bem.
Emily acordou na manhã seguinte com os raios de sol incomodando seus olhos. Ela nem mesmo teve tempo de assimilar onde estava; algo subiu pela sua garganta e a pobre garota saiu em disparada até o banheiro.
Vagas e curtas lembranças da noite passada preenchiam sua mente, mas ela só notou que estava na casa de Matthew quando este foi chamá-la para tomar café na cozinha.
- Eu não me lembro de nada... – Emily pega a maçã ao lado de seu prato, dando-lhe uma mordida.
- Bem, você subiu em cima do balcão do bar e começou a fazer um strip-tease – Matt tenta manter a feição séria enquanto a garota quase se engasga com o pedaço da fruta que mastigava.
- Sério?
- Não, mas quase. Então pode agradecer ao seu anjo da guarda aqui – ele sorri convencido, observando-a terminar seu café.
- Você está mais para um capetinha do que para um anjo.
- O que posso fazer? É o melhor dos dois mundos.

[...]

Vanessa estava à beira de um ataque, enquanto Ashley andava de um lado pro outro da sala. Se Emily não voltasse antes do almoço, seus pais descobriram que ela não passara a noite ali e ligariam para os pais dela, que por sua vez ficariam furiosos e as três garotas estariam numa grande encrenca.
Mas parece que alguém lá em cima resolveu ouvir as preces de Vanessa e ela dá graças a Deus ao ver Emily passar pela porta.
- Até que enfim Emily! O que aconteceu com você?
- Então você estava mesmo com o Matthew? – Vanny e Ashley começam a fazer perguntas ao mesmo tempo, deixando Pieterse confusa.
- Por que não voltou ontem?
- O que vocês estavam fazendo?
Puta que pariu!”.
- Dá pra falar mais baixo, por favor? – Emily se joga no sofá, colocando as duas mãos na cabeça. “Ressaca é uma merda”.
- Ok. E você pode começar a se explicar – Vanessa senta-se no outro sofá, de frente para ela.
- Explicar o quê?
- Matthew! Ele ajudou você. Ele nunca ajuda ninguém!
- Isso não é verdade! Às vezes ele faz coisas legais – Ashley decide entrar na conversa, para defender o garoto que não podia fazê-lo por si mesmo.
- É claro, tipo engravidar a minha irmã!
- Pensei que já tivéssemos superado isso – Emily aperta uma almofada contra o rosto, prevendo a discussão de irmãs que ia surgir. “Alô, pessoa com a cabeça explodindo aqui!
- A sua total falta de responsabilidade com o que fez depois não dá pra superar!
- Cristo, Vanessa! Às vezes você parece com a mamãe, sabia? Cansei dessa sua mania de controlar tudo. Como se você fosse perfeita!
#

Desculpem-me por isso. Fiquei entediada.

Os irmãos Marshall esperavam do lado de fora do Pantages Theatre. Aquele seria um grande show e Jeremy mal podia esperar para ver sua banda preferida ao vivo.
Nicholas olha mais uma vez o horário em seu celular, a impaciência do irmão mais velho estava contagiando-o.
Jeremy dá um aceno de mão para alguém atrás de Nick e quando esse se vira para ver quem era limita-se a fazer uma careta: David vinha acompanhado de sua nova “irmã” irritante Alexandra.
- Ih David, trouxe o encosto? – Nicholas esboça um meio sorriso, provocando a garota.
- Encosto é a mãe!
- Fica quietinha aí porque ninguém te chamou pra conversa.
- E eu não invoquei o diabo, mas olha você aqui!
- ‘Ta legal gente, já chega! – David resolve parar a “socialização” dos dois antes que eles saíssem no tapa.
Jeremy abre a boca para fazer um comentário, mas desiste. Ele sabia que não seria ouvido, já que a atenção do irmão caçula e de David estavam na garota loira que passava por eles: Alison Fitzgerald, que sorri discretamente ao notar os olhares sobre ela. Aquela seria uma grande noite.
Alexandra revira os olhos e cruza os braços a frente do peito, claramente irritada pelos três patetas estarem praticamente babando pela Barbie punk. Mas logo sua expressão se suaviza ao ver Madison e Rachel andando até eles.

[...]

Cheio. Aquele lugar estava cheio. O Pantages era um teatro enorme, mas naquele momento ele parecia pequeno demais. Principalmente para Rachel. Por que ela aceitara ir mesmo? Enquanto via David se balançando ao ritmo da música, ela não conseguia achar uma resposta convincente. Talvez ela devesse dar meia volta e simplesmente ir embora. E passar o resto da noite pendurada ao telefone, falando com Cody, que estava do outro lado do país.
Namoro a distancia nunca fora o seu forte, mas ela estava determinada a fazer isso dar certo. O que ela não sabia, porém, é que Cody não estava. Enquanto Rachel se sentia culpada por às vezes ficar balançada com as investidas de David; Cody divertia-se num ménage com duas garotas que conhecera em Detroid, seu novo lar.
Madison passa seu braço direito em volta de Rachel enquanto o esquerdo balançava acima de sua cabeça. Ela e Alexandra exibiam sorrisos enormes, cantando a letra da música junto com a banda. Rachel então percebe que seus pensamentos estavam a impedindo de curtir um dos melhores shows da sua vida, logo, ela também ergue o braço acima de sua cabeça, balançando-o no mesmo ritmo de Madison e cantando o mais alto que podia.

[...]

Quase duas horas depois, no final do show, os seis jovens decidem passar em uma lanchonete (ideia de Madison; super aprovada por Jeremy). O grupo se divide e as meninas entram no carro da Lexi.
Se ao menos elas soubessem por que Alison estava naquele teatro, elas ficariam bem longe do automóvel. E tenho certeza que Alexandra concordaria comigo assim que ela tentou parar no sinal vermelho que se aproximava.
- Droga...! – ela resmunga, pressentindo o pânico tomar conta dela.
- O que foi? – Madison pergunta ao seu lado. Se eu fosse ela, começava a gritar desde já.
- O freio não está funcionando!
- O quê? – as duas passageiras perguntam em uníssono.
Enquanto Alexandra apertava desesperadamente o pedal do freio, Rachel olha pela janela e só tem tempo de dizer:
- Lexi, cuidado!
O carro que atravessava o outro sentindo da rua buzina ao vê-las passando, mas não tem tempo de parar e acaba acertando o carro das garotas, batendo em cheio no lado do motorista. Mas não se preocupem: tudo em que resultou esse acidente foi somente uma perna quebrada para Alexandra. Afinal eu nunca as colocaria em “risco de morte”. Quem eu atormentaria se elas não estivessem mais aqui?
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Lembram que eu disse que esse seria um capítulo "especial"? Então: especialmente idiota e sem graça. Eu tentei, juro, mas isso foi tudo o que eu consegui fazer. Não que esteja de todo ruim, pode estar um pouco sem nexo, mas ele era importante para "reviver" esse negócio da Brenda e tudo o mais.
No próximo já volta para o tempo atual, porém não sei quando o posto, só avisando.
Obrigada a quem leu até o final dessa... coisa. E amanhã tem ENEM, boa sorte pra mim (e pra quem vai fazê-lo). ~Chu.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Doce Sacrifício - Capítulo 22 [I think I'm gonna loose it]

I guess I should've seen the warning signs
Musica tema: Friday Night [McFly] <3

Com um copo de plástico na mão esquerda, Alison observava os jovens que passavam pela sala e corredor, enquanto ela estava sentada nos degraus da escada. Pelo canto do olho, ela vê um garoto sentar-se ao seu lado: Nicholas.
- Você ‘tá legal?
- Eu estou bem, estou perfeita! Afinal, quem precisa de melhores amigos? Eu não preciso, posso me divertir sozinha! Ora, é isso o que eu estou fazendo agora, uhul, isso está super divertido! – Alison levanta o braço livre, como se estivesse comemorando alguma coisa, mas a sua total falta de entusiasmo só faz com que Nick ache a cena ainda mais engraçada.
- E você está super bêbada – ele diz em meio ao riso.
- Eu não! Eu só bebi um pouquinho – ela mede com os dedos polegar e indicador, deixando pouco espaço entre eles e Nicholas a olha em repreensão. Alison dá um sorrisinho e aumenta mais o espaço entre os dedos, até que os dois estivessem bem esticados. – Mas isso aqui é uma festa, certo? Então não me culpe! Eu já sou culpada de muita coisa – ela começa então a contar as sentenças com os dedos. – De quebrar promessas, de acabar com uma amizade de anos... eu sou uma destruidora de lares, Marshall! – ela diz a ultima frase com um desespero maior, chacoalhando os ombros do garoto com as mãos, derrubando um pouco da bebida em seu copo.
- O que eu faço com você Alison? – ele diz em repreensão, balançando a cabeça para os lados, tentando se manter sério, mas um sorriso lhe escapa dos lábios.
- Me ame, me alimente, nunca me abandone – e então ela esboça uma carinha triste, da qual poderia fazer Nick ficar com pena dela se a situação toda não fosse tão hilária. – Porque ela já fez isso, ela me abandonou!
- Quem?
- Jessica. Você não soube? Ela quase quebrou minha cabeça contra os armários do colégio ontem.
- É eu fiquei sabendo – ele passa a mão pela cabeça dela, para consolá-la e pra ver se ela se acalmava. Ele pensa em perguntar o que aconteceu entre as duas, mas desiste. Alison estava tão bêbada que mesmo que tentasse explicar, ele não iria entender nada.
Alexandra para na frente dos dois, mas só olha para o namorado, tentando ao máximo fingir que a outra garota não estava ali.
- Chega de ficar bancando a babá da bêbada, Nick. O Jeremy ‘tá acabando com todo mundo no beer pong*, vem ver – ela o puxa pelo braço, levantando-o dali. Ele olha preocupado para Alison, que balança a cabeça e sorri.
- Tudo bem, eu vou ficar legal. Pode ir com o aborto que deu errado – Alexandra solta o braço do garoto e olha com um misto de raiva e espanto para Alison.
- Como é que é lagartixa albina?
Nicholas fica entre as duas e segura na mão da namorada.
- Ta bem, chega! Vamos logo Lexi – ele tira a garota dali, que ainda fuzilava Ali, que por sua vez sorria e mandava um tchauzinho com a mão para eles.

#
Nicole andava pelo corredor, sorrindo e cumprimentando as pessoas por quem passava. Até que ouve um assobio e vira-se para ver quem era o engraçadinho. E quando nota Thompson ao seu lado mal consegue conter a vontade de revirar os olhos e deixá-lo ali.
- Nem vem David, não to com paciência pra você – e era isso o que ela ia fazer, mas ele segura seu braço, impedindo-a de continuar andando.
- Calma. O que foi que eu fiz?
- E ainda tem a cara-de-pau de perguntar? Você me ignorou completamente desde aquela festa no E-Zine! Ah mas é claro, agora você tem a sua amiguinha pra te dar o que a Rachel não quis. Qual é David, ela tem cabelo roxo, isso é ridículo!
Ele sorri e aproxima-se mais dela.
-Você está com ciúmes Niki?
- Te fode Thompson! – ela cruza os braços e revira os olhos, pra deixar claro que aquela ideia era um absurdo.
- Eu prefiro que uma garota faça isso por mim – David a puxa pela cintura e deposita um beijo em seu pescoço.
- Você não presta – ela tenta manter-se séria, dando a entender que ele não conseguiria nada tão cedo, mas o sorriso que teimava em lhe escapar e sua pele arrepiada pelo toque dele a denunciavam.
- Eu sei, você sabe, todo mundo sabe disso. Será que dá pra pular pra parte que interessa? – e quando deram por si, eles já estavam no quarto de Nicole, se beijando como se não houvesse amanhã.

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As duas vezes que Michelle perdera no beer pong estavam começando a lhe fazer mal. Ela se senta num dos sofás e espera até a tontura passar. Jeremy e Harry malditos! Podiam ter sido um pouco mais cavalheiros e terem deixado-a ganhar. E ela ainda pretendia virar alguns shots com Nicole como era o costume sempre que uma delas fazia aniversário. Dezoito anos, dezoito shots.
Seu mal-estar já estava passando e ela já se sentia hábil de levantar e ir atrás da amiga, porém ela escolhe erroneamente dar uma olhada para as pessoas no cômodo em que se encontrava. E então ela vê – do outro lado da sala, bem em frente ao sofá em que estava sentada – o casal que ela mais amava no mundo (ironia, a gente se liga em você): Vanessa e Raphael meio que dançavam, meio que se beijavam, ignorando as pessoas que ocasionalmente esbarravam neles.
Era só o que lhe faltava! E por alguma razão que Michelle não entedia, ela não conseguia desviar o olhar. Talvez fosse o álcool que estivesse incentivando esse seu ato masoquista. E ela só parou de olhá-los quando notou pela sua visão periférica uma garota sentar ao seu lado: Ashley. A ironia da situação quase fez Michelle soltar uma risada bêbada e histérica. Quase.
- Você ainda gosta do Raphael?
Caramba! Ashley poderia ser um pouco menos direta.
- O quê? Não! Claro que não! – era mentira e Michelle realmente odiava mentir para suas amigas, mas ela não podia dizer a verdade, principalmente sendo que a namorada de Raphael era a irmã de Ashley.
- Então por que você estava encarando os dois?
De repente ela se perguntou por quanto tempo ficara ali parada os observando. Tempo o suficiente para Ashley reparar, pelo visto.
- Eu estava? Eu estou bêbada, Ash, não sei o que eu estou fazendo – ela dá de ombros, tentando mostrar que não era nada de mais. E talvez tenha funcionado porque Ashley não tocou mais no assunto. Mas a verdade é que ela estava ocupada demais seguindo com o olhar os movimentos da loira que passara pelo corredor. Uma ideia idiota passa pela sua cabeça e ela decide perguntar antes que pensasse melhor.
- Michie?
- Sim?
- Você tem conversado com a Cassie?
- Sobre?
O que ela diria agora? Ela não podia contar sobre a noite de halloween e as consequências daquele ato mal pensado. O que Michelle ia pensar? Ashley ainda não queria saber a resposta.
- Coisas...
- Que coisas? Você quer me contar alguma coisa? – Michie não olha diretamente para ela e Ash agradece por isso ou a loira poderia perceber que ela estava mentindo.
- Eu? Não...
Ela pensa que Michelle iria insistir no assunto, mas então ela muda totalmente o rumo da conversa (talvez ela estivesse bêbada demais para se concentrar numa coisa só).
- Aquele ali não é o Logan?
Ashley não precisou olhar para a direção em que Michelle apontava, ainda bem, discretamente. Ela sabia que era ele, ela o vira ali antes.
- É sim. Por quê?
- Você deveria ir lá falar com ele.
- Pra quê? – a loira lhe lança seu melhor olhar de “’ta de brincadeira?” e Ashley teve de concordar. Era meio óbvio o que Michelle queria dizer.
- Ele ‘ta olhando pra você – Michie sorri para a amiga, esperando que ela fizesse alguma coisa. Ashley olha para o rapaz, encontrando aquele par de orbes azuis que lhe eram tão fascinantes, mas de repente ela não via mais interesse algum. Só que ela sabia que inventar uma desculpa para não ir até ele lhe custaria muito empenho, então ela escolheu o caminho mais fácil:
- Certo. Não espere por mim – a morena diz antes de se levantar, ajeitar o vestido e ir até o garoto. O que ela descobriria no final da noite que fora uma total perda de tempo.

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Tédio. Essa palavra definia por completo a noite de Jessica, que agora se encontrava deitada em sua cama, olhando para o teto e inflando as bochechas, fazendo barulhos com a boca. Jess olha para a estante de livros num dos lados do quarto. Ela ainda não tinha terminado de ler Cidade de Vidro e agora parecia uma boa hora para isso, mas antes que ela se levantasse para buscá-lo seu celular toca. Talvez fosse Alison, mas não fazia a índole dela ficar correndo atrás e mandando mensagens de desculpas; e realmente não era a Fitzgerald:
Só achei que seria legal você tomar uma dose do seu próprio remédio. –G
E logo abaixo, duas fotos e um vídeo. A primeira foto mostrava Matthew e Emily sentados na varanda da casa dela, provavelmente conversando, já a segunda, Naomi engolindo a cabeça de Joshua, agarrada nele como se sua vida dependesse disso e por fim o vídeo: David e Nicole se comendo num quarto (na boa, quem ficou lá para filmar isso era muito pervertido!).
Sem pensar duas vezes, Jessica apaga aquela mensagem de seu celular. Ela não precisava daquelas imagens e muito menos do vídeo traumatizante. Afinal, o que leva uma pessoa ficar a espreita num quarto para capturar um momento tão indecente? –G tinha problemas mentais muito sérios, um monte deles!
E pra que mostrar aquilo pra Jessica? O que ela tinha a ver com isso? E como uma resposta de seu subconsciente que não sabia ficar quieto, ela se lembra da fala de uma daquelas garotas: mas isso um dia vai acabar com você. Querer todos eles só vai fazer com que você fique completamente sozinha!
Querer todos eles... Uma dose do seu próprio remédio... Sozinha...
- Emily?!
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*Beer pong: é um tipo de ping pong com cerveja. O objetivo é acertar a bolinha dentro dos copos de cerveja do adversário e, cada vez que você acerta, seu oponente tem que beber. O jogo acaba quando alguém tiver bebido tudo.
Não, eu não me atrasei pra postar. Agora eu vou mesmo demorar um pouco mais entre cada postagem, desculpem-me. Motivos: Está mais difícil para escrever os capítulos e com a chegada do ENEM eu tenho que dar uma pausa maior para estudar.
Also: o próximo capítulo é um especial, então aguardem ansiosamente hushaush '
Respostas do cap. 21 aqui e novo post no JJ aqui.
~Chu.

sábado, 28 de setembro de 2013

Doce Sacrifício - Capítulo 21 [You make me breakout]

Michelle and Cassie xD
Música tema: Breakout [Foo Fighters]

Um borrão azul e branco passa por David antes que ele pudesse perguntar qualquer coisa. O garoto decide segui-la, pressentindo que aquilo não era somente mau humor matinal. Algo muito grave aconteceu.
Dividida entre fúria e perplexidade, Jessica anda até sua “amiga” que arrumava alguns livros em seu armário. Ela a gira pelos ombros e a imprensa contra os armários.
- Mas o que... – Alison tira os fios de cabelo do rosto e fica ainda mais confusa ao notar quem é que a apertava contra as portas de metal. – O que foi?
- Foi você! – a menina a fitava com tanta intensidade que a loira abaixou o olhar instintivamente. Ela não conseguiria fitar aqueles olhos acinzentados e inventar mais desculpas, não importa o quanto Jessica a pressionasse – Por quê?
- Estão todos olhando pra gente agora, me solta.
- O que está acontecendo? – David finalmente chega até elas e as olha intercaladamente, a espera de uma resposta, mas ele é ignorado completamente.
- Jessie... – seja o que for que Alison ia dizer, foi interrompido pelo som do primeiro sinal tocando. Jessica finalmente afrouxa seu aperto sobre a loira e solta seus braços, dando um passo para trás. Alison pega sua bolsa do chão e segue para a sua aula de História Americana antes que a outra mudasse de ideia e tacasse sua cabeça contra a parede – mais uma vez.
Os olhos de Jessica pareciam duas nuvens de tempestade, seus punhos estavam cerrados ao lado do corpo e ela continuava a fitar os armários a sua frente.
- Everdeen? – David a chama cautelosamente, com a voz baixa. Só havia os dois ali agora e corredores vazios são ótimos formadores de eco. Pegando uma grande quantidade de ar, Jessica respira profundamente para ver se conseguia se acalmar. Ela ajeita sua bolsa em seu ombro e pega a outra direção do corredor, tentando entender porque Fitzgerald fez aquilo. “Por que ela contou sobre os comprimidos pros meus pais? Ela prometeu que não se meteria nisso!” E agora ela tinha que voltar para as reuniões de apoio e estava de castigo, sendo vigiada vinte e quatro horas por dia. E isso tudo era culpa de Alison!

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Por mais impossível que isso parecesse, Alison conseguiu não se encontrar com Jessica ou David pelo resto da manhã. Na hora do almoço ela se certificou de ficar bem longe da mesa onde os dois estavam sentados. Ela não seria vista por eles hoje, nem que tivesse que se trancar no banheiro pra isso. Ali sabia que a amiga estava com muita raiva dela agora, que ela queria picá-la em pedacinhos e dá-la de comer aos cachorros. Alison não a culpava, o que ela fizera fora realmente horrível. Ela quebrara uma promessa e ainda acabara com a confiança de Jessica sobre ela. E o pior é que ela não podia se explicar. Não tinha explicação, na verdade. Mesmo sabendo as razões do por que fizera aquilo, se fosse ela no lugar de Jessica, não a perdoaria. Bem, Alison nunca perdoava. Ela só esperava que a amiga fosse diferente dela.
Enquanto seguia para a sua próxima aula, a loira se depara com uma cena um pouco curiosa: num canto mais afastado, quase totalmente encobertos pela grande árvore do pátio, Naomi e Taylor conversavam sentados numa das mesas ali dispostas. Eles olham ao redor e antes que pudessem encontrar Alison os espionando, ela se esconde atrás de um pilar, desejando muito saber fazer leitura labial. Ela tenta se lembrar de alguma vez que vira os dois juntos, mas não conseguiu. Ela nem sabia que os dois eram amigos. O sinal para a sexta aula bate e antes que saísse dali, Alison observa Naomi passar um pacote discretamente para Taylor, que o guarda rapidamente, antes que a loira pudesse reparar melhor no que se tratava. Os dois levantam-se e vão embora. Ali faz o mesmo, rezando para não dar de cara com Everdeen ou Thompson pelos corredores.

~”~
Na sala dos Cartwright, Alexandra e Jeremy conversavam um de frente para o outro. A loira relatava o que aconteceu no banheiro da lanchonete no dia anterior.
- Ela estava vomitando
- Eu sabia...
- Jeremy, o que ‘tá acontecendo? – ele olha para baixo, com um gosto amargo na boca ao dizer as palavras:
- Eu acho que a Madi está com algum tipo de distúrbio alimentar
- Distúrbio alimentar? A Madison? – Lexi parecia incrédula de início, mas o que ela lembra a seguir faz com que as suspeitas de Jeremy não fossem tão improváveis. – Se bem que...
- O quê?
- Há uns dois ou três anos Rachel e eu descobrimos que ela estava passando por algo parecido, só que ela tinha superado, eu tenho certeza. Não acredito que ela voltou com isso – ela balança a cabeça negativamente, terminando a frase numa voz baixa, como que tentando a convencer a si mesma.
- Talvez ela nunca tenha parado – esse pensamento faz com que o coração de Jeremy se condense ainda mais. Era como se uma mão estivesse apertando-o a ponto de estourá-lo. Ele se pergunta se era assim que Madison se sentia: sufocada, presa de alguma forma, sofrendo tudo isso sozinha.
- Não, ela estava bem. Alguma coisa a fez voltar. Tudo bem precisamos ajudá-la, temos que fazer algo! – Alexandra levanta-se do sofá onde estivera sentada, determinada a ajudar a amiga, mas essa determinação cai por terra ao ouvir a pergunta de Jeremy:
- Tipo o quê?
- Não faço ideia – a garota volta a se sentar, sua mente tentando ao máximo pensar em alguma coisa. Jeremy encosta sua cabeça no estofado, encarando o teto em silêncio. O que eles podiam fazer?

~”~
Alison termina seu banho e volta para o seu quarto. A garota congela no meio do cômodo, as mãos apertando a toalha que secava os seus cabelos. Ela desenrola o pano e o pendura na cadeira, indo até a sua cama e pegando a boneca em suas mãos.
- Mas como...? – ela olha automaticamente para a porta de vidro que dava para a varanda, num movimento rápido, Alison vai até ela e a tranca. Ela volta a olhar para a boneca de pano em suas mãos, a mesma que encontrou no teatro do colégio na noite de halloween. Ela gira a boneca e encontra um compartimento para pilhas em suas costas, debaixo da camiseta laranja, mas no lugar de pilhas tudo o que ela encontrou ali foi um bilhete:
Um presente pela a sua ajuda. Guarde-a com carinho. Vocês duas são mais parecidas do que você imagina. –G
- Filha da puta! – a garota diz com raiva, apertando a boneca em suas mãos. Ela ia jogá-la na parede, mas volta a fitá-la, medindo-a com o olhar e nota que ela tinha praticamente o mesmo comprimento do pacote que vira Naomi entregar a Taylor. Ali meneia a cabeça para os lados, tirando essa ideia de sua mente. “Você está ficando paranóica, Alison!” A loira rasca o bilhete e joga os pedacinhos no lixeiro de seu banheiro. – Eu não sou uma de suas bonecas!

~”~
Foi assim que Ashley chegou à conclusão de que estava mais fudida do que imaginava:
Após passar dias pensando, ela decidiu que o melhor a se fazer para esquecer de vez aquela história constrangedora com Cassandra era ficar com alguém, um garoto, talvez até mesmo arrumar um namorado. Todo esse tempo estando sozinha devia estar alimentando essas ideias sem fundamento na sua cabeça. Querer beijar Cassie de novo, isso era loucura! Ela não gostava de garotas! Muito menos de Cassandra Prescott!
Então estava resolvido: ela ficaria com um garoto – ou quantos fossem necessários! – e a festa de Nicole era o lugar perfeito para começar.
Enquanto dançava junto a alguns convidados num dos cômodos enormes da casa, ela viu: Logan Miller, o garoto por quem ela costumava suspirar dois anos atrás. Portador de um lindo par de olhos azuis e um sorriso encantador, que mostravam os seus perfeitos dentes brancos. Seus cabelos negros não eram mais tão compridos, o que de certa forma o deixava mais velho. Esses dois anos só serviram para deixá-lo ainda mais lindo, mas ela não havia dado muita importância para isso antes. Motivo? O garoto tinha uma namorada. Sorte do dia: eles haviam terminado alguns meses atrás e até onde Ashley sabia, ele continuava solteiro. Perfeito.
Porém sua sorte tinha um limite. E esse limite atendia pelo apelido de Cassie.
Após uma breve discussão mental se ia ou não falar com Logan, ela decidiu que não tinha nada a perder, mas ao chegar à metade do caminho, um ser loiro para na sua frente, impedindo-a de chegar até o seu destino.
- Ashley! – a morena tenta ao máximo não cruzar o olhar com a garota loira a sua frente, rezando mentalmente para que ela fosse embora logo. – Percebi que você tem me evitado. Algum problema?
Cassie mantinha um sorriso sacana no rosto, cujo foi facilmente decodificado por Ashley: a loira estava tirando uma com a cara dela.
- Não. Problema nenhum.
- Se é pelo o que aconteceu na festa de halloween, não se preocupe ok? – Cassie coloca uma mão no ombro de Ashley, sorrindo solidária. – Eu realmente achei que você não fosse se lembrar, por causa do MDMA e tudo o mais.
- Se você conseguiu se lembrar, por que eu não conseguiria?
- Porque eu não estava sob efeito de droga alguma.
- Como assim?
- Eu não tomei o MDMA ou nada parecido. Tudo o que eu fiz foi simplesmente porque eu quis – ela pisca um olho para a morena. – A gente se vê por aí Ash.
Ashley fica observando a outra se afastar, paralisada pela descoberta. Quer dizer que Cassandra quis beijá-la? E por que Ashley estava sorrindo? Isso não podia significar boa coisa...
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Hello everybody! Lembram que eu estava pensando em adicionar mais uma personagem? Aqui está ele: Logan Miller. Espero que gostem dele. Logo vocês saberão mais sobre "o ex-fascínio da Ashley".
E por falar em Ashley: o que vocês acharam da revelação da Cassie? Digo nada, só observo...
No próximo capítulo tem mais sobre a festa da Nicole. Até lá ^^
Respostas do cap. 20 e do selinho. ~Chu.
Logan "Miller", senhoras e senhores!
It can be too sexy for you.

Divulgando: