Música: Stella [All Time Low]
"It feels like I'm falling in love alone
Stella, would you take me home?"
Aquela noite estava abafada demais para vinte e um de
dezembro. Mas aquilo ali era a Califórnia. Tinha seus dias razoavelmente
quentes até no inverno.
Não quente o suficiente para pular numa piscina à noite, mas
qual é o bêbado que se importa? E é por essa razão que a piscina de Logan
Miller estava cheia deles.
Estava o mais estrelado que podia numa cidade cheia de luzes
e céu poluído e a lua minguante brilhava como o sorriso do Gato de Cheshire.
Pelo menos era com isso que Jeremy a associava enquanto a
fitava.
Ele estava sentado no chão, encostado à cerca, que dividia a
área da piscina com o pequeno jardim, com sua Stella Artois já no fim. Do outro
lado do quintal, num ângulo que Jeremy podia ver claramente, Madison e Rachel
conversavam; e pelos gestos e expressões era algo bem interessante. Porém Jeremy não estava interessado nisso, ele
queria saber é o que diabos tinha de errado com a sua namorada. Que ela já
estava estranha há algum tempo, isso era óbvio, mas agora ela quase não o
deixava chegar perto. Já tinha mais de um mês que os dois não faziam aquilo. E qual é o casal hoje em dia que
não faz aquilo?
Jeremy só conseguia chegar a duas opções: 1. ela não gostava
mais dele e 2. ela o estava traindo (o que remetia a primeira alternativa). Mas
era sobre Madison que ele estava ponderando e ela não era assim. Se ela
estivesse envolvida com outro garoto, ela terminaria com Jeremy. Madison não
era o tipo de garota que traía, de forma alguma.
Então qual era o problema? Será que ele tinha feito alguma
coisa errada?
- Você podia ser mais discreto, dude.
David senta ao seu lado, tomando a garrafa de Jeremy,
bebendo os últimos goles.
- Oi?
- A tensão sexual entre vocês está dançando salsa na minha
frente. – era tão óbvio assim? Se bem que David percebia essas coisas como
ninguém. – Há quanto tempo vocês não trepam?
Se Jeremy pudesse, ele lançaria raios lazer pelos olhos até
Thompson virar poeira.
- Eu sei que você não gosta que eu use a expressão trepar,
ou foder, mas você sabe que é isso, não sabe? Aceite.
- É por isso que a Rachel não quis dormir com você: porque pra você o que você faz com sua namorada ou
com um prostituta é exatamente a mesma coisa!
- Isso não é verdade. Está certo que às vezes eu nem sei o
nome da garota, mas eu também tenho as minhas especiais.
- E quem seriam? A Nicole que é só falar “oi” e ela já vai
abrindo as pernas? – Jer nota uma garota de cabelos roxos sair de dentro da
casa. – Ou Jessica?
David tinha visto também. Ele segue a garota e Joshua com o
olhar, os dois olhavam para todos os lados procurando algo ou alguém. E ali sim
ele conseguia sentir a tensão sexual e o mais estranho era que ele não se
importava. Jessica nunca lhe disse ao certo porque eles terminaram, mas era
óbvio que essa não era a vontade dela.
- Qual é a história de vocês dois afinal?
- Você quer mesmo falar sobre isso aqui? Agora?
- Eu sei que sua mãe e os pais dela eram amigos muito antes
de vocês nascerem. – é, parece que ele quer. Na verdade ele só queria manter os
holofotes bem longe da sua relação com Madison. Falar sobre isso com David era
meio constrangedor.
- Eles se conheceram na faculdade e agora trabalham no mesmo
hospital.
- Prossiga. – David revira os olhos. Jeremy parecia uma
daquelas vizinhas fofoqueiras.
- Sendo assim, Jessica e eu nos conhecemos desde sempre, éramos inseparáveis quando
crianças. – Jer começa a prestar mais atenção à conversa. Dave tinha adquirido
um tom de nostalgia que ele nunca tinha ouvido antes do amigo. Ele duvidava que
o garoto já tivesse contado aquilo para alguém. – Ela foi a primeira garota na
minha vida. Meu primeiro beijo, minha primeira namorada, minha primeira transa.
Minha primeira paixão, pra resumir. Só que não foi o suficiente e ela também
foi a primeira garota que eu traí. – Dave dá de ombros, como se isso não fosse
nada demais, porém dava para sentir o arrependimento em sua voz.
- ‘Ta explicado por que ela te odiava tanto até meses atrás.
- Não era ódio,
era só uma decisão mútua de fingir que o outro não existia. Nossa situação era
um pouco estranha. Eu não fui o total vilão, sabe? Ela já estava de olho
naquele Joshua e a ponto de, no mínimo, me dispensar pra ficar com ele, só que
os dois também não deram certo, então ela foi buscar consolo nos braços do
Matthew. – Dave revira os olhos mais uma vez, ele não gostava dessa parte da
história. Thompson não ia com a cara de Joshua, mas Matthew era de longe o
pior. Principalmente por ter sido o fornecedor
da garota. Ele colocava a culpa de ela ter se viciado tempos atrás toda nele. –
Até que ela e Campbell finalmente viraram namorados.
- E então no seu aniversário vocês dois ficaram e eles
terminaram.
- Nós não ficamos
exatamente, mas é por aí. – e nessa parte a culpa era toda de –G, que o garoto
sabia que estava quieta demais.
- E semanas depois você traiu a Rachel com a Nicole e então
foi a vez de vocês terminarem. E agora você e Jessica estão nessa espécie de
“amizade com benefícios”. – o garoto Marshall tinha resumido bem.
- O único relacionamento que funciona pra mim.
- Cara, você é horrível. Por que mesmo que somos amigos? –
Jer faz uma careta de desgosto e Dave ri alto. O garoto era uma figura.
- Nem começa, Marshall. Eu só tenho dezoito anos e não estou
preso a ninguém. O que me impede de me divertir um pouco com qualquer garota
que passar na minha frente?
- Você deveria respeitá-las mais. – Jeremy e seu moralismo.
- E você deveria ir falar com a sua namorada, porque é óbvio
que tem alguma coisa acontecendo. Mas você prefere ficar sentado aqui, dando
palpite na minha vida.
- Isso é um sermão?
- Chame do que quiser, mas uma coisa é certa: se você não
fizer algo em relação a Madison e rápido, você vai perdê-la.
Não. Isso não!
- E o que eu deveria fazer? – “Por favor, tenha uma resposta decente”.
- Bem, isso é uma festa, ela é a sua namorada, chame-a para
dançar, já é um bom começo. – “Será que
eu tenho que resolver tudo por aqui?”
~”~
- Vamos olhar lá dentro mais uma vez.
Josh pega na mão de Jessica e a leva para dentro da casa de
novo. Ele só estava esperando o momento em que ela iria puxar sua mão da dele,
dizer que não precisava de sua ajuda e ir procurar Alison sozinha.
Mas ela não iria. A garota estava adorando a sensação da mão
dele na sua. E ela preferiria ter os dois braços arrancados a ter que admitir
isso, mas ela sentia falta daquilo. De estar perto dele. E o garoto ainda tinha
dispensado Naomi para ir ajudá-la. Tinha como ficar melhor?
Tinha. Alison
poderia não estar dançando
sensualmente em cima do balcão da cozinha. Porém as duas garotas ao seu lado estavam
bem piores: já no estágio do strip-tease. Jessica tinha que tirar a amiga dali
antes que a loira fosse contagiada pelas outras.
- Joshua me ajude aqui. – cada um deles segura um braço de
Alison, fazendo-a sentar no balcão. Josh ia pegá-la no colo para tirá-la dali
mais rápido, só que a loira estava se divertindo bem mais ali em cima e não
queria descer agora, então quando percebeu as intenções do moreno, ela
simplesmente mordeu o seu braço.
Mas mordeu mesmo. Pra deixar marca.
- Ai! – ele se afasta dela, apertando seu braço com a outra
mão, para protegê-lo de uma possível segunda rodada. Josh só relevou porque
sabia que Alison estava bêbada e/ou chapada demais e não estava totalmente no
juízo de suas faculdades mentais.
- Alison! – Jessica prepara-se para dar uma bronca na amiga,
mesmo sabendo que seria inútil, já que naquele estado a garota não a ouviria.
- Garota má, garota muito má. – Logan, que estava assistindo
interessadíssimo a dança da garota, resolve ir até o trio e, esperto do jeito
que era, pega a loira pelas pernas e a joga por sobre o ombro, como um saco de
batatas, com a desculpa que só queria ajudar, mas a verdade é que ele só queria
apalpar a bunda dela mesmo. – Pra onde?
- Eu é que sei? A casa é sua. – e a culpa dela estar assim
também. Era o que Jessica queria acrescentar, mas ela sabia que ele estava
somente lhe fazendo um favor e brigar por ele ter deixado Taylor colocar drogas
na bebida não parecia uma forma muito educada de agradecer.
- Já sei. Venham comigo. – Logan sai da cozinha – com Alison
esperneando e batendo em suas costas – e Jessica e Joshua não vêem outra
alternativa a não ser segui-lo.
No meio do caminho, Jessica pega o copo de plástico da mão
de um garoto desacordado no sofá, antes que o conteúdo fosse parar no chão e
ela pondera sobre o que fazer com aquilo. Numa situação normal ela teria
entornado a bebida e ali, com Alison fora de si e sendo ajudada por Logan e
Joshua, ela não se lembrava do que estava a impedindo.
- Bela história para contar na reunião do N.A. – Josh fala
antes que o líquido pudesse tocar sua boca e o garoto se arrepende no momento
em que proferiu as palavras. Não era suposto para ele saber daquilo. Droga.
Jessica fica na dúvida se ouvira direito. Joshua por acaso
lia aquele blog idiota?
Ela larga o copo na estante da sala e continua a seguir
Miller, em silêncio. O garoto estava certo, de qualquer forma. Era aquilo que
estava a impedindo.
Ficar limpa estava sendo mais difícil do que ela imaginou
que seria.
Ao terminarem de subir as escadas, Alison já tinha apagado e
o moreno que a carregava para em frente a uma das últimas portas daquele
corredor, tirando uma chave do bolso da calça.
Quando adentrou o quarto, Jessica só tinha uma coisa em
mente: “por que eu não tive essa ideia
antes?”
Ao lado da cama, tinha um adesivo que cobria quase toda a
parede, escrito The Beatles e embaixo uma imagem da silhueta dos quatro
integrantes da melhor banda do mundo – na visão da garota.
Ela também notou a enorme estante cheia de livros e DVD’s, o
telescópio em frente a janela e a guitarra no canto ao lado.
Mas, espera. Por que ela estava no quarto do Miller mesmo?
Ah, é: Alison.
É claro que ele ia querer ter o argumento de “você já dormiu
na minha cama”.
- Eu acho que ela entrou em coma alcoólico. – Josh brinca,
fitando a garota inconsciente e imóvel na cama de Logan.
- Só se certifique que ela não vai vomitar na minha cama. Ou
em qualquer outro lugar. – Jessica assente e os dois garotos deixam o quarto,
depois de Logan pedir para ela trancar a porta se algum bêbado quisesse entrar
ali.
E Jessica agradeceu mentalmente por aquela montanha de
livros, já que ela sabia que a amiga não iria acordar nem tão cedo.
~”~
Vanessa estava sentada à mesa do lado de fora de uma
cafeteria de arquitetura parisiense, bebericando seu chá verde enquanto sentia
a brisa de fim de tarde bater em seu rosto. Na mesa da frente, duas crianças
gordinhas atacavam a comida como se aquela fosse sua última refeição. A morena
não entendia como duas criaturinhas daquele tamanho podiam comer tanto. A mesa
estava atolada de copos de refrigerante vazios, papeis de batatinhas do
Mcdonalds e várias caixas de hambúrguer empilhadas. O casal de crianças estava
dividindo o ultimo sanduíche e Vanessa teve que coçar os olhos para ter certeza
de que não estava delirando: os dois pedaços do lanche tinham braços e estavam acenando pra ela!
A garota olha em volta em busca de câmeras escondidas ou
algo assim, mas tudo o que encontra é um cachorro-quente vestindo terno e
carregando uma maleta, passando em frente a sua mesa no mesmo momento que uma
barra de chocolate, usando vestido e salto alto, aparece na direção oposta,
falando ao telefone. Um muffin
vestido de garçonete sai da cafeteria e se junta aos dois alimentos gigantes. Twist And Shout começa a tocar em algum
lugar e os três põem-se a dançar, enquanto mais comidas humanóides vão
aparecendo e juntando-se a coreografia. As crianças – ainda sentadas à mesa –
começam a bater palmas e os dois pedaços de hambúrguer – com uma mordida cada –
começam uma dança estilo rock anos 70 no tampo da mesa.
Certa de que agora tinha pirado de vez, Vanessa levanta-se
da cadeira e corre para dentro do estabelecimento. Assim que ela fecha a porta,
as luzes começam a se apagar até que ela não conseguisse enxergar mais nada. O
som da música fica abafado, diminuindo gradativamente, até que outro barulho
ocupa o seu lugar.
Vanessa percebe com espanto que era o toque de mensagem do seu
celular e ela abre os olhos, o choque da realidade atingindo-a com força.
Aquela loucura toda fora só um sonho; ela continuava deitada na cama de Emily,
com a luz da lua iluminando o quarto através da janela, já que a cortina fora
deixada aberta.
Ao seu lado, Emily resmunga algo incompreensível, incomodada
com o barulho do celular, virando-se para o lado da parede e voltando a dormir.
Vanny pega o aparelho na cabeceira da cama e desbloqueia a
tela, sendo atingida pela luz incômoda.
Uma mensagem nova de:
Matthew Fitch.
Então foi ele que a tirou daquele sonho maluco com a
‘comida-humanóide-dançante’?
Você está com ela?
A garota revira os olhos, pensando seriamente em ignorar a
mensagem. Ele sabia que sim, afinal o garoto passara ali antes de ir para a
casa do Miller.
Sim. Por quê?
Como ela ‘tá? Está acordada?
Vanessa olha para a garota a sua direita, dormindo de costas
para ela. Às vezes ela tinha vontade de empurrar Emily escada abaixo por a
amiga não perceber quão sortuda ela era. Matthew não precisava se dar ao
trabalho de fazer tudo o que estava fazendo: passar na casa dela todos os dias,
convencê-la a aceitar a companhia de Vanessa quando seus pais não podiam ficar
com ela e, claro, certificar-se que ela não iria voltar a beber e fumar. Às
vezes ele a tratava como uma enferma, mas era só a sua maneira de mostrar que
se importava. O garoto tinha até engolido o orgulho e ido falar com Taylor!
Apesar de não ter conseguido nada.
Vanessa volta sua atenção para o celular, lembrando-se que
tinha uma mensagem para responder.
Ela está bem, está dormindo agora. Eu também estava sabe...
Foi mal ;) Eu só queria checar se estava tudo bem, não quis estragar o seu sono de beleza – do qual você anda precisando
Há-há, muito engraçado você. E como está a festa?
Normal... Avisa pra Emily que eu passo aí amanhã a tarde, assim que eu acordar ^^
Só madrugando na farra. Você não muda mesmo, não é?
Estou na melhor idade, tenho que aproveitar. Mas já que está tudo bem eu vou deixar as pessoas chatas e entediantes voltarem a dormir
Sério Fitch, se você continuar me enchendo eu vou te bater quando você chegar aqui amanhã. E, Matt... obrigada
Pelo o quê?
Por apoiar a Emi enquanto aquele filho da puta do Taylor finge que não tem nenhuma responsabilidade nisso
Vanessa Stonem xingando? Agora eu já vi de tudo nessa vida! E é claro que eu a apoiaria, afinal é pra isso que os amigos servem, não é?
Amigos. Vanessa
tinha o pressentimento de que havia muito mais do que amizade ali. Pelo menos da parte do Matthew.
É sim. Boa noite Matty (e juízo!)
Boa noite ‘mamãe’ :D
-
Matthew aperta o ‘send’
e guarda o celular no bolso, sabendo que não receberia mais nenhuma resposta.
- Mais tranquilo agora? – Raphael, que estava sentado ao seu
lado na escada, pergunta só pra irritar mesmo, porque é pra isso que os amigos
servem. – Eu podia jurar que quem você ia correr atrás era da Jessica, não da
Emily.
- É, eu também. – Matt fora apaixonado por Jessica por um bom tempo, até eles entrarem naquela
besteira de TheGossip com Brenda e ele conhecer Emily. Aí sua cabeça deu um nó
e ele ficou assim, em cima do muro, até o idiota do Taylor tirá-la dele. Foi
então que ele percebeu que por mais que gostasse da Tinky Winky (e ele
precisava mudar esse apelido), Emily era a sua
garota. Uma pena que ele percebeu isso tarde demais. – E eu podia jurar que
você não ia deixar seu relacionamento acabar assim tão fácil.
- Não há nada que eu possa fazer agora. E eu nem sei se quero tentar fazer alguma coisa. – Vanessa
era uma garota com bagagem demais pra
ele, com toda aquela história de anorexia e não sei mais o que. Além da irmã-gêmea
que não gostava dele.
- Michelle? – não. Definitivamente não. Ele já ferrou a vida
da garota com o acidente da a mãe
dela, era melhor seguir o conselho de seu pai e ficar bem longe daquela família.
E isso não seria nada difícil, já que a loira estava evitando-o de todas as
formas possíveis.
- Ela não quer me ver nem pintado de ouro. A solução é eu
achar uma terceira garota: minha querida Stella. – o garoto ergue sua garrafa e
Matty solta uma pequena risada porque aquela era bem o tipo de opção que
Raphael escolheria. – Stella, would you
take me home?*
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I DID IT! I FUCKING FINISHED IT! \Õ/
Deus sabe a Odiséia que foi terminar esse capítulo...
*Stella, would you take me home (Stella, você me levaria pra casa) é um trecho duma música do ATL (link ali em cima). E eu, muito sagaz, usei como trocadilho com a cerveja que Raphael estava bebendo no momento (Stella Artois). Eu sei, sou muito piadista, já posso fazer stand up comedy...
~Chu.
"The next song is about beer"
~Chu.
"The next song is about beer"