Musica tema: No Such Thing [John Mayer]
“Juro solenemente que não farei nada de bom”
Um ano atrás.
– História narrada por Brenda Hitachiin –
Os quatro me ouviam atentamente.
Estávamos em mais uma de nossas “reuniões” e eu ditava as regras mais uma vez.
Afinal um pouco de chantagem nunca fez mal a ninguém.
- E é bom que não contem isso a
ninguém ou eu conto não só os seus segredos, mas os de suas famílias também! O
que pode ser um pouco perigoso, não é Matthew?
- Você não se atreveria! – ele diz
firme, me desafiando, mas eu podia ver o medo em seus olhos. Ele não sabia até
aonde eu poderia ir e para ser sincera nem eu mesma sabia.
- Não? Eu conheço cada podre seu.
Cada família que a sua própria destruiu.
- Isso é muito sério. Você não
deveria brincar com essas coisas.
- Eu não estou brincando, Everdeen!
– me recosto em minha cadeira e olho para os quatro ali reunidos comigo. Além
de Matthew e Jessica, Alison e Emily também estavam presentes. – Eu sei a
seriedade da situação, mas o que fazemos é tão grave quanto. Por isso eu
preciso ter certeza que vocês nunca
contarão a alguém.
Veja, eu não sabia que a boca grande daqueles quatro era o
menor dos meus problemas. O meu verdadeiro fim estava acima disso.
#
Eu costumava estar bêbado de
amor, mas agora eu estou de ressaca.
O Joey’s estava agitado, Matthew
tinha a impressão de que todos os adolescentes de Los Angeles estavam ali.
Compreensível, já que aquele era um dos poucos lugares que vendiam bebidas
alcoólicas para menores de idade livremente. Ao que parece, o dono não temia o
risco.
Sentada num dos bancos a frente do
balcão, Emily afogava seus problemas num copo de tequila. Ao vê-la, Matthew não
pensa duas vezes antes de sentar-se ao seu lado.
- Companhia?
- Não, valeu. Hoje eu estou com o
Sr. Tequila – Pieterse ergue seu copo, esboçando um sorriso bêbado e
desanimado.
- Ele não parece estar te tratando
muito bem.
- Então ele e o resto do mundo têm
muito em comum.
- O que aconteceu?
Emi toma mais um – grande – gole
antes de responder:
- Meus pais me odeiam, eu briguei
com a Ashley e acabei falando alguma coisa estúpida e agora a Vanessa está
brava comigo. E ainda tem o Taylor...
Fitch revira os olhos, mas você
pode simplesmente dizer que ele estava com ciúmes.
- Eu sabia! Tudo se resume ao
idiota do Taylor!
- Você não ouviu o “meus pais me
odeiam” e “Vanessa está brava comigo” não?
- Mas esse não
é o melhor jeito de resolver – ele aponta com a cabeça para o copo de vidro que
a garota segurava.
- Por quê? Não é isso o que você
faz? Beber até afogar o rim e dormir com todas as garotas que você conhece?
- Mas esse não é o seu caso, é?
Ela olha para baixo, pensativa.
- Eu acho que não...
E é assim que se descobre que o
garoto está apaixonado: quando ele tem a chance de comer a garota, mas deixa
passar, esperando tolamente pela oportunidade quando ela estiver sóbria.
[...]
Depois de algum esforço, Matthew
finalmente consegue fazer com que Emily dormisse. Ela conseguia ser ainda mais
teimosa quando estava bêbada. E eu sei muito
bem do que estou falando.
Matty ouve um celular tocar dentro
da bolsa da garota e ao constatar que era Vanessa quem ligava, achou melhor
atender:
- Alô?
- Quem ‘ta falando?
- Hei Vanny. É o Matt.
- Cadê a Emily? –
a garota pergunta num tom acusatório. Bem, eu não a culpo.
- Dormindo, como um
anjo. Ah é! Obrigado Vanessa, por sua causa agora eu vou ter que dormir no sofá.
A revirada de olhos que a garota deu a seguir até Matthew
conseguiu prever.
- Ela ‘ta bem?
- Claro! Ela está
comigo, esqueceu?
- ‘Tá bom gênio, e o
que eu falo pros meus pais agora?
- Isso já é com você. Tchau, tchau Vanny – ele desliga o celular,
só para irritá-la. Ter deixado a outra se virar sozinha numa hora dessas é um
ótimo exemplo do por que de que você não
deve confiar em Matthew Fitch.
Vanessa joga seu celular na
cama, desejando que o aparelho fosse a cabeça de Matty e que ela pudesse
tacá-la na parede.
- Matthew seu irresponsável! Mas a culpa é sua Vanessa. Não
deveria ter deixado a Emily sair daquele jeito! – ela senta-se em sua cama,
exasperada e olha ao redor. – Ótimo! Agora eu estou falando sozinha!
[...]
Crianças aprendam uma coisa com a tia Brenda: exagerar na
bebida nunca faz bem.
Emily acordou na manhã seguinte com os raios de sol
incomodando seus olhos. Ela nem mesmo teve tempo de assimilar onde estava; algo
subiu pela sua garganta e a pobre garota saiu em disparada até o banheiro.
Vagas e curtas lembranças da noite passada preenchiam sua
mente, mas ela só notou que estava na casa de Matthew quando este foi chamá-la
para tomar café na cozinha.
- Eu não me lembro de nada... – Emily pega a maçã ao lado de
seu prato, dando-lhe uma mordida.
- Bem, você subiu em cima do balcão do bar e começou a fazer
um strip-tease – Matt tenta manter a feição séria enquanto a garota quase se
engasga com o pedaço da fruta que mastigava.
- Sério?
- Não, mas quase. Então pode
agradecer ao seu anjo da guarda aqui – ele sorri convencido, observando-a
terminar seu café.
- Você está mais para um capetinha do que para um anjo.
- O que posso fazer? É o melhor
dos dois mundos.
[...]
Vanessa estava à beira de um ataque, enquanto Ashley andava
de um lado pro outro da sala. Se Emily não voltasse antes do almoço, seus pais
descobriram que ela não passara a noite ali e ligariam para os pais dela, que
por sua vez ficariam furiosos e as três garotas estariam numa grande encrenca.
Mas parece que alguém lá em cima resolveu ouvir as preces de
Vanessa e ela dá graças a Deus ao ver Emily passar pela porta.
- Até que enfim Emily! O que aconteceu com você?
- Então você estava mesmo com o Matthew? – Vanny e Ashley
começam a fazer perguntas ao mesmo tempo, deixando Pieterse confusa.
- Por que não voltou ontem?
- O que vocês estavam fazendo?
“Puta que pariu!”.
- Dá pra falar mais baixo, por favor? – Emily se joga no
sofá, colocando as duas mãos na cabeça. “Ressaca
é uma merda”.
- Ok. E você pode começar a se explicar – Vanessa senta-se
no outro sofá, de frente para ela.
- Explicar o quê?
- Matthew! Ele ajudou você. Ele nunca ajuda ninguém!
- Isso não é verdade! Às vezes ele faz coisas legais –
Ashley decide entrar na conversa, para defender o garoto que não podia fazê-lo
por si mesmo.
- É claro, tipo engravidar a minha irmã!
- Pensei que já tivéssemos superado isso – Emily aperta uma
almofada contra o rosto, prevendo a discussão de irmãs que ia surgir. “Alô, pessoa com a cabeça explodindo aqui!”
- A sua total falta de responsabilidade com o que fez depois
não dá pra superar!
- Cristo, Vanessa! Às vezes você
parece com a mamãe, sabia? Cansei dessa sua mania de controlar tudo. Como se
você fosse perfeita!
#
Desculpem-me por isso. Fiquei
entediada.
Os irmãos Marshall esperavam do
lado de fora do Pantages Theatre. Aquele seria um grande show e Jeremy mal
podia esperar para ver sua banda preferida ao vivo.
Nicholas olha mais uma vez o
horário em seu celular, a impaciência do irmão mais velho estava contagiando-o.
Jeremy dá um aceno de mão para
alguém atrás de Nick e quando esse se vira para ver quem era limita-se a fazer
uma careta: David vinha acompanhado de sua nova “irmã” irritante Alexandra.
- Ih David, trouxe o encosto? –
Nicholas esboça um meio sorriso, provocando a garota.
- Encosto é a mãe!
- Fica quietinha aí porque ninguém te chamou pra conversa.
- E eu não invoquei o diabo, mas olha você aqui!
- ‘Ta legal gente, já chega! – David resolve parar a
“socialização” dos dois antes que eles saíssem no tapa.
Jeremy abre a boca para fazer um comentário, mas desiste.
Ele sabia que não seria ouvido, já que a atenção do irmão caçula e de David
estavam na garota loira que passava por eles: Alison Fitzgerald, que sorri
discretamente ao notar os olhares sobre ela. Aquela seria uma grande noite.
Alexandra revira os olhos e cruza os braços a frente do
peito, claramente irritada pelos três patetas estarem praticamente babando pela
Barbie punk. Mas logo sua expressão se suaviza ao ver Madison e Rachel andando
até eles.
[...]
Cheio. Aquele lugar estava cheio. O Pantages era um teatro
enorme, mas naquele momento ele parecia pequeno demais. Principalmente para
Rachel. Por que ela aceitara ir mesmo? Enquanto via David se balançando ao
ritmo da música, ela não conseguia achar uma resposta convincente. Talvez ela
devesse dar meia volta e simplesmente ir embora. E passar o resto da noite
pendurada ao telefone, falando com Cody, que estava do outro lado do país.
Namoro a distancia nunca fora o seu forte, mas ela estava
determinada a fazer isso dar certo. O que ela não sabia, porém, é que Cody não
estava. Enquanto Rachel se sentia culpada por às vezes ficar balançada com as investidas de David;
Cody divertia-se num ménage com duas
garotas que conhecera em Detroid, seu novo lar.
Madison passa seu braço direito em volta de Rachel enquanto
o esquerdo balançava acima de sua cabeça. Ela e Alexandra exibiam sorrisos
enormes, cantando a letra da música junto com a banda. Rachel então percebe que
seus pensamentos estavam a impedindo de curtir um dos melhores shows da sua
vida, logo, ela também ergue o braço acima de sua cabeça, balançando-o no mesmo
ritmo de Madison e cantando o mais alto que podia.
[...]
Quase duas horas depois, no final do show, os seis jovens
decidem passar em uma lanchonete (ideia de Madison; super aprovada por Jeremy).
O grupo se divide e as meninas entram no carro da Lexi.
Se ao menos elas soubessem por que Alison estava naquele
teatro, elas ficariam bem longe do automóvel. E tenho certeza que Alexandra
concordaria comigo assim que ela tentou parar no sinal vermelho que se
aproximava.
- Droga...! – ela resmunga, pressentindo o pânico tomar
conta dela.
- O que foi? – Madison pergunta ao seu lado. Se eu fosse
ela, começava a gritar desde já.
- O freio não está funcionando!
- O quê? – as duas passageiras perguntam em uníssono.
Enquanto Alexandra apertava desesperadamente o pedal do
freio, Rachel olha pela janela e só tem tempo de dizer:
- Lexi, cuidado!
O carro que atravessava o outro sentindo da rua buzina
ao vê-las passando, mas não tem tempo de parar e acaba acertando o carro das
garotas, batendo em cheio no lado do motorista. Mas não se preocupem: tudo em
que resultou esse acidente foi somente uma perna quebrada para Alexandra.
Afinal eu nunca as colocaria em “risco de morte”. Quem eu atormentaria se elas
não estivessem mais aqui?_______________________________________________________________________
Lembram que eu disse que esse seria um capítulo "especial"? Então: especialmente idiota e sem graça. Eu tentei, juro, mas isso foi tudo o que eu consegui fazer. Não que esteja de todo ruim, pode estar um pouco sem nexo, mas ele era importante para "reviver" esse negócio da Brenda e tudo o mais.
No próximo já volta para o tempo atual, porém não sei quando o posto, só avisando.
Obrigada a quem leu até o final dessa... coisa. E amanhã tem ENEM, boa sorte pra mim (e pra quem vai fazê-lo). ~Chu.