quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Doce Sacrifício - Capítulo 28 [My heroine]

Musica tema: My Heroine [The Maine]

Aquilo era o cúmulo!
Esqueça o fato de estar sendo acusada de algo que não fez e prestes a ser expulsa do colégio. Nada disso importa quando seu pai está claramente flertando com a diretora!
Aquela velha mal comida!
Alison só faltou bater a cabeça na parede de tanta raiva, vergonha alheia e nojo daquela cena.
O que um pai não faz para salvar o (quase) perfeito histórico escolar da filha...
Tudo começou com (que surpresa!) uma mensagem de –G:
Seu presente por ser uma mentirosa que não cumpre tratos virá mais rápido do que você pode dizer “Feliz Natal”. –G
E quando percebeu, a loira já estava na diretoria, sentada ao lado de seu pai, Michael, ouvindo a Sra. Hastings falar mais do que a boca.
Porém, o ponto alto daquela conversa nem foi os olhares mais do que sugestivos do Sr. Fitzgerald pra mal amada da diretora, mas sim quando essa última mostrou o tão precioso vídeo que Alison fez de tudo para esconder, só que essa versão tinha como direito alguns segundos extras onde mostrava a loira deixando o teatro e a câmera logo adentrando o local, que estaria completamente escuro se não fossem pelas chamas que já começam a se espalhar nas coxias, das quais Alison não percebeu quando saiu toda afobada de lá.
E agora era oficial: ela estava mais do que fodida.
A Sra. Hastings estava uma fera e sua raiva só aumentava a cada negação da mais nova. Mas ela logo se acalmou quando Michael prometeu arcar com todo o prejuízo causado, soltando todo o seu sex appeal pra cima da diretora.
Alison nunca ficou tão feliz com a cafajestagem do pai.
Mas aquilo ainda era nojento.
E quando deixaram a sala, Alison não sabia se ria ou batia a cabeça de seu pai contra a mesa da secretária.
- Eu não acredito que você estava flertando com a diretora!
- Qual o problema?
- Ela é velha! E casada! – muito mal casada, mas ainda assim casada. – O que você faria se fosse o Doug que tivesse ido falar com a gente? Daria em cima do vice-diretor também?
- Não comece com gracinhas, Alison! Eu só fiz isso para te salvar de uma expulsão. Da próxima vez pense melhor nos seus atos!
- Mas não fui eu! Não tenho razão alguma pra ter ateado fogo no teatro!
- Então o que a senhorita estava fazendo lá? Não, não responda. Eu não quero saber – e se na verdade ela tivesse ido lá para se encontrar com algum garoto? O Sr. Fitzgerald não queria ouvir isso. Ele preferia pensar que sua filhinha era uma virgem puritana. – Vá buscar suas coisas, te espero no carro.
Michael dá um beijo na testa da filha e vira o corredor, já a garota continua seu caminho até o armário de Jessica, que acabara de abri-lo e guardava dois livros ali dentro.
- E então? – a outra pergunta assim que a loira pára ao seu lado. – Era mesmo sobre o vídeo?
- Sim. E agora eu estou suspensa até voltarmos do feriado. Além de trabalhos extras – ela faz uma careta pra essa ultima parte. Se ela bem conhecia o projeto de Hitler que era a Sra. Hastings, esses trabalhos extras, seja lá o que fossem, se estenderiam até o final do ano letivo.
- Ainda é melhor do que expulsão. E agora não preciso mais fingir que estou brava com você.
- É... – Alison cruza os braços sobre o peito, mudando o peso do corpo pra perna esquerda. – Eu disse que ela ia acabar descobrindo.
Jessica fecha a porta de seu armário e se encosta ali, não conseguindo reprimir o sentimento de culpa.
- Eu sinto muito. Isso é provavelmente culpa minha.
- Sem essa. Fui eu que acabei te contando tudo. Eu não cumpri o trato e agora estou pagando por isso.
O negócio era o seguinte: as duas chegaram à conclusão de que –G queria afastar todos os amigos de Jessica. Primeiro foi Joshua, depois Matthew, agora Alison (apesar de a tentativa ter sido frustrada). O único que sobrara fora David, mas se a teoria estava correta, logo ele iria embora também. Alison só não entendia porque Jessica deixava isso acontecer. Quer dizer, com Joshua não tinha mais jeito, mas ela não via razões para a amiga se afastar de Matty.
As duas cogitaram a hipótese de que Emily e Naomi estavam por trás de tudo isso e que a próxima a se juntar ao “-G club” seria Rachel, para levar o David também. Mas as amigas acharam que isso era mania de perseguição demais para suas mentes malucas e deixaram toda essa ideia pra lá.
- Ainda assim, Ali. Se estivermos certas, a culpa é minha no final das contas – “eu só não sei o porquê”.
- ‘Tá tudo bem, Jessie. Meu pai já resolveu tudo mesmo.
- Deixe-me adivinhar: com uma boa quantia de dinheiro envolvida no processo.
- E uma calcinha molhada da parte da diretora.
Antes que Jessica pudesse perguntar o que diabos ela quis dizer com aquilo, um braço aparece ao redor dos ombros de cada uma.
- Boa dia, lindas damas!
Alison vira a cabeça para o lado, dando de cara com um par de olhos azuis. “Era só o que me faltava!
- O que é que tu quer, Logan? – a loira tira o braço do garoto dos seus ombros, olhando-o com sua melhor cara de tédio.
- Nossa! Quanta hostilidade! – ele abraça Jessica de lado, depositando um beijo na sua bochecha direita. – E aí, Grape girl?
- Logan... – ela vira de frente pro garoto, sorrindo sinicamente e espalma as mãos no peito do moreno, empurrando-o pra longe dela. – Vai tomar no cu.
- Ta bom, ta bom – Logan ergue as duas mãos, em redenção. – Já que querem assim, nada de festa pra vocês duas – ele faz menção de ir embora, mas é puxado de volta por uma Alison de olhos brilhando.
- Opa, calma aí! Que festa?
- A minha. No sábado. Mas infelizmente pessoas na TPM não estão convidadas – ele olha sugestivamente para a loira e Jessica só observava como se estivesse num jogo de tênis de mesa.
- Você se acha muito engraçadinho, não é, garoto?
- É que eu ouvi dizer que você tem uma tara por palhaços.
- Uau! Eu não sabia desse seu lado pedreiro, Miller.
Foi só a Jessica que percebeu um freaking fucking clima rolando ali?

[...]

Aquela era provavelmente a maior casa em que as três garotas já colocaram os pés. O que reforçava os argumentos de Lexie de que Logan era um ótimo partido. E era por isso que ela arrastara Rachel até ali, afinal ficar segurando vela para as amigas não parecia algo muito legal na visão da loira.
Madison ajeita seu vestido vermelho, achando-o curto demais e segue as duas amigas para dentro da enorme casa, brincando com o zíper de sua jaqueta preta. A verdade é que ela preferiria estar em qualquer lugar, menos ali. Aquele aglomerado de gente se esbarrando, o cheiro de álcool e cigarro e a musica que tocava alta demais estavam fazendo a garota se sentir desconfortavelmente sufocada.
Ao seu lado, Rachel também não parecia muito à vontade, enrolando a alça de sua bolsa numa das mãos. A única que realmente estava feliz ali era Alexandra, o que não era nenhuma novidade já que “festa” era seu nome do meio.
Logo dois braços envolvem a cintura da loira e ela sente um beijo ser depositado no seu ombro esquerdo, sobre o tecido do vestido preto. Lexie vira-se para encarar o garoto de cachinhos sorrindo sapeca pra ela. A garota abre a boca pra dizer algo, mas seja lá o que for que ela ia falar, fica pra ela mesma já que Nicholas começa a beijá-la sem cerimônias, conduzindo-a até o sofá mais próximo.
Madison revira os olhos. Aqueles dois eram piores do que coelhos.
Ela sente uma mão apertando delicadamente o seu braço e vira-se na direção de Rachel.
- Vou dar uma volta por aí, ver se encontro o Logan.
- Você vai mesmo fazer isso? – Madi questiona e a amiga dá de ombros.
- Não tenho nada a perder mesmo.
- Então boa sorte – as duas trocam um sorrisinho cúmplice antes de Rachel sumir entre o amontoado de jovens.

~”~
Apesar do frio, a maioria dos convidados se encontrava do lado de fora da casa, nos arredores da piscina. Ainda não havia passado das dez horas da noite e alguns dos jovens já estavam caindo de bêbados, outros se sentiam confiantes o suficiente para tentar algo mais forte e logo aquela festa estaria uma bagunça, completamente fora de controle. Exatamente como Logan gostava.
O anfitrião estava encostado a parede branca, bebendo sua Stella Artois, observando uma certa loirinha se agarrando com um garoto aleatório. Não que ele estivesse fazendo isso de propósito, seu olhar era simplesmente puxado naquela direção por uma força maior.
Rachel encosta-se na parede, ao lado do moreno, também segurando uma garrafa numa das mãos.
- Bela festa.
Ele direciona seus olhos azuis para a garota, retribuindo o sorriso que essa lhe dera.
- Valeu Rach.
- Eu só me pergunto por que o dono não parece estar empolgado.
- Ah eu estou, sério. Só estou... dando um tempo.
 - Certo. E você se importaria se eu interrompesse esse seu “tempo”? – ela faz aspas na última palavra com a mão livre, lançando-lhe um olhar sugestivo e Logan vira o corpo em sua direção, ficando com somente o ombro direito encostado a parede, o rosto a centímetros do da garota.
- Aí depende para o quê.

~”~
Aquela não estava sendo uma das melhores festas de David. Ele estava sozinho demais ali e suas opções estavam ficando limitadas: Jessica estava conversando com Matthew na varanda; segundo Michelle, Nicole estava ocupada no banheiro com algum garoto e agora Rachel se agarrava com Logan do lado de fora da casa. Não que David ligasse. Ela havia decidido ignorá-lo, certo? Então era isso o que ele ia fazer também. Só que ficava um pouco difícil quando ele tinha que presenciar a cena de um moleque qualquer enfiando a língua na garganta dela!

~”~
Matty estava recostado na enorme varanda do segundo andar, conversando com Jessica. Mas essa não era uma conversa como as quais eles costumavam ter. Era como se eles estivessem com vergonha um do outro e não soubessem o que dizer. Eles tentaram falar sobre amenidades: como estavam as coisas em suas casas, os planos para o Natal e até sobre o colégio, mas o assunto já havia se encerrado e agora os dois se encontravam naquele silêncio constrangedor, olhando para os jovens bêbados que dançavam lá embaixo, alguns até tinham pulado dentro da piscina (sorte vai ser se eles não morrerem de hipotermia).
Jessica já estava mais do que desconfortável com aquele silêncio e então decide perguntar a primeira coisa que veio em sua cabeça:
- E como está a Emily?
- Está bem. Um pouco irritada por não poder mais participar das coisas, mas ela vai superar – Matty tira um maço de cigarros de dentro do bolso da jaqueta e estende para a garota. – Quer?
- Você sabe que eu não fumo – ela o observa pegar um isqueiro e acender o cigarro que levara à boca.
- Ah é, você gosta de algo mais forte.
- Gostava, no passado. Agora eu vou me contentar só com as bebidas – Jessica ergue o copo de plástico vermelho que ela estava se esforçando a deixar cheio pelo maior tempo que conseguisse. – A não ser que você tenha colocado alguma coisa aqui.
- Eu não – a garota encara isso como uma deixa e leva o copo até a boca. – Mas o Taylor sim – Matty quase se engasga com a fumaça ao ver a garota cuspir o líquido que quase engolira, jogar o resto varanda abaixo e amassar o copo de plástico, dando-lhe o mesmo destino do resto da bebida. Ele estava se esforçando muito para não ter um ataque de risos. Ainda bem que não tinha ninguém embaixo da varanda nessa hora ou caso contrário ele não iria aguentar.
- Logan sabe disso?
- Sabe. E ele realmente não se importa com um bando de adolescentes malucos destruindo a casa dele – nem o Sr. e a Sra. Miller. Pais liberais, um privilégio de poucos. Eles não se importavam porque se o filho dava festas isso significava que ele não era algum tipo de nerd fracassado solitário. Ok, seus pais eram um pouco bullies, mas eram pessoas legais.
- Por falar em Logan, vou ver se a Alison ainda consegue andar – bêbada do jeito que ela sabia que a amiga devia estar (e agora provavelmente drogada também), Jessica não duvidava nada que Alison não estava caída em algum lugar, se agarrando com dois ou três caras ao mesmo tempo. E se fossem bonitinhos, elas até poderiam dividir.
- Mas o que um tem a ver com o outro? – Matthew pergunta confuso, depois de mais uma tragada.
- Nada, nada – a garota decide explicar as suas suspeitas num outro momento. Ou talvez nunca. Se Alison descobrir que ela a está shippando com o Logan é capaz de Jessica amanhecer morta, com um membro do corpo em cada cômodo da casa.
Jessica deixa a varanda no momento em que a música que tocava acaba e ela sorri automaticamente ao reconhecer de imediato a que começara a tocar agora: My Heroine, uma de suas músicas preferidas do The Maine (a banda da qual ela era a maior tiete).
I'm feeling pretty dirty baby
Forgive my sins
I get the feeling you can save me honey
My heroine"
Ela começa a cantarolar a música enquanto andava pelos corredores, a procura de sua amiga Fitzgerald quando algo se choca contra o seu ombro direito, quase a fazendo cair. Quase porque a pessoa estabanada que a empurrara segura em sua cintura, impedindo-a de pagar um belo mico.
Your hips, my hands, you swing and you dance
Yeah, I'm feeling pretty lonely baby
Just let me in
Just let me in
Ela abre a boca para agradecer e depois xingar o filho da puta, mas as palavras fogem de seu cérebro ao notar quem a segurava: Joshua Campbell.
- Desculpe. Eu não havia te visto – ele ainda mantinha as duas mãos segurando firme a sua cintura, sem que parecessem se dar conta disso. Bem, uma parte dele havia registrado esse fato, ele só esperava que a garota não tivesse porque sabia que ela iria o afastar.
You're my heroine, but you're suicide
If I let you in, you'll crawl inside
Oh, you save my skin
She can't wait to sink in
My heroine
- Tudo bem – ela precisa se esforçar um pouco para a sua voz não sair engasgada. Topar com Joshua não estava exatamente em seus planos. Não estava lá de forma alguma. Ela olha por sobre o ombro do garoto e vê Naomi os olhando com cara de poucos amigos, do outro lado do corredor. A garota esboça um sorrisinho. – Na verdade, a culpa foi minha também. Eu estava distraída procurando a Alison. Por acaso você a viu?
Josh passa um braço em volta dela, começando a andar, levando ambos até as escadas.
- Não, mas se você quiser eu posso te ajudar a procurar.
Jessica olha disfarçadamente para trás, de onde Naomi ainda os observava, com aquela cara de bunda típica dela.
- Claro.
I feel a little withdrawl baby
Come pick me up
Took a hit from your level
Now I just can't get enough

~”~
O garoto prensava Cassandra contra a parede, beijando-a com fúria enquanto passava as mãos pelas coxas da loira, subindo ainda mais o vestido super curto que ela usava. E por que Ashley estava olhando aquela cena? A morena não sabia.
O garoto agora passa os beijos para o pescoço da loira e Cassie abre os olhos, fitando diretamente os de Ashley, que assim que percebe esse fato olha para qualquer outra direção, decidindo que estava na hora de sair dali.
Your taste, my touch
A little bit of love and a whole lot of lustI'm feeling pretty lonely babySo just let me inJust let me in
Ela caminha até a porta dos fundos, chegando à varanda e se senta no pequeno sofá com estofado de pano (e que nenhum bêbado tenha passado por ali. Amém). Ashley olha para os jovens na piscina e quase sai correndo gritando dali ao ver duas garotas provavelmente muito bêbadas, ou drogadas, ou ambos se beijando no meio da água.
Aquilo tinha como ficar pior?
Sim. Essa foi a resposta que Ashley recebeu ao notar a loira sentando ao seu lado.
Vida, aquela era uma pergunta retórica, não um desafio!
You're my heroine, just suicide
If I let you in, you'll crawl insideOh, you save my skinShe can't wait to sink inMy heroine
- Você nunca teve curiosidade em saber como é? – Ashley desvia o olhar das duas garotas para Cassie sentada ao seu lado e depois para o grupo de jovens que dançavam ali perto.
- Não mesmo! Meu negócio é homem, pênis, pinto, piroca, rola!
Cassie queria soltar uma gargalhada por aquele comentário, mas ela se conteve. A loira estava determinada em ter aquela conversa.
- E quem garante que você não pode gostar dos dois?
Ashley demorou um pouco para responder, mas quando o fez, foi olhando diretamente para Cassandra.
- Mesmo assim, não é com você que eu iria testar.
Your hips, my hands, you swing, and you dance
I'm feeling pretty lonely babySo just let me in
Outch! Aquela doeu. Porém Pieterse não se deixou abalar. Estava fazendo progresso, por menor que fosse.
- Tem certeza? Você não estava reclamando quando nos beijamos.
- Eu estava chapada! Aquilo não conta!
Cass revira os olhos. Era sempre a mesma coisa. Ashley precisava virar o disco.
- Você ama usar isso como desculpa, não é? – a loira se levanta, ajeitando o mini micro vestido sobre a meia-calça fina. – Mas se mudar de ideia, sabe onde me encontrar – ela pisca com um olho só para a morena antes de sair dali.
Nem sob decreto!” Ashley vai até o grupo de adolescentes perto da piscina e agarra o primeiro garoto que vê pela frente, o beijando como se precisasse disso para viver.
You're my heroine, but you're suicide
If I let you in, you'll crawl insideOh you save my skinShe can't wait to sink inMy heroine
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Hey! Is anybody home? Um mês. Tenso. Mas aqui estou e pra compensar o sumiço: um capítulo enorme e, de longe, o meu preferido até agora.
Ah sim, a última fala de Cassie ("Mas se mudar de ideia, sabe onde me encontrar") é a tradução de uma parte da música Girls/Girls/Boys do Panic! At The Disco que eu acho que resume bem a situação das duas.
Resposta do cap. anterior aqui.
~Chu.